Instituto bauruense participa do primeiro projeto ambiental para preservação de espécie marinha ameaçada de extinção
Thatiza Curuci
Ele é grandioso, mas seu tamanho e peso – quase três metros e 400 quilos – não assusta os pescadores a ponto de impedir sua caça. Pelo contrário, o peixe mero é altamente vulnerável e está na lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da International Union for Conservation Nature (IUCN). Agora, ele é personagem principal de um projeto patrocinado pela Petrobras que tem o Instituto Ambiental Vidágua, de Bauru, como participante.
Ontem, o coordenador geral do projeto “Mero – estratégias para a conservação de ambientes costeiros e marinhos do Brasil”, Mauricio Hostim, esteve em Bauru para troca de informações com os integrantes do Vidágua. Cerca de R$ 960 mil serão investidos no projeto, que também é desenvolvido na Bahia, Pernambuco e Santa Catarina, além de São Paulo.
“O projeto começou em maio, mas estamos trabalhando para que seja permanente, ou seja, se transforme em um programa”, diz Hostim.
Os esforços realizados até agora foram decisivos para que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) editasse a portaria 121, de 20 de setembro de 2002, que proibiu a pesca e comercialização deste peixe por cinco anos, em todo o território nacional. Na véspera do fim do prazo de ação da portaria, os ambientalistas já programam o pedido formal de prorrogação. “Já reunimos entidades e formalizamos um documento que será entregue brevemente ao Ibama”, conta Hostim.
A colaboração do Vidágua será, principalmente, na região do Vale do Ribeira, que inclui as cidades de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida. A região concentra o maior remanescente de Mata Atlântica do Estado. Dos 90 mil quilômetros quadrados que restam dela, 23% estão no Vale.
“Nesses locais, o peixe faz a reprodução. Eles ficam bastante vulneráveis porque formam grupos e, como não são agressivos, tornam-se presas fáceis do homem”, conta o também coordenador do projeto e integrante do Vidágua Clodoaldo Gazzetta.
Pioneiro
Ele explica que o projeto foi apresentado pela primeira vez em 2004, pelo Instituto Vidágua, mas que na ocasião não foi escolhido pela Petrobras. Desta vez, o projeto foi selecionado entre 600 inscritos. “É o primeiro projeto de preservação de um peixe marinho em todo o País”, diz.
Hostim argumenta que o projeto significa mais do que a preservação de um peixe. “O Mero é, mais do que tudo, o animal que serve como indicador ambiental. Para ele crescer e reproduzir, precisa estar em um ambiente preservado. Portanto, preservando este peixe, outras espécies também serão beneficiadas”, afirma.
Os participantes do projeto vão agir diretamente nas comunidades, trocando informações com pescadores, caiçaras, indígenas, remanescentes de quilombos e pequenos agricultores familiares. Eles serão pró-ativos no processo de preservação do peixe e seu habitat.
Peixe torna-se macho para acasalar
O peixe mero é de grande porte, podendo chegar a três metros de comprimento e 400 quilos. Vive até 40 anos. Entretanto, essa espécie é bastante vulnerável, pois os peixes começam a se reproduzir tardiamente, depois dos 7 anos. Todos nascem fêmeas e, apenas na época do acasalamento, poucos tornam-se machos.
A caça indiscriminada, justamente pelo seu alto valor de mercado, a escassez de habitat e a poluição marinha são os principais fatores que contribuíram para que o Mero chegasse à ameaça de extinção. Ele tornou-se o primeiro peixe marinho da história do Brasil a receber um mecanismo legal de proteção.
A expedição de Márcio Cavalheiro está atuando no final da ponta negra na divisa do estado de São Paulo com o estado do Paraná, eles estão mergulhando procurando as tocas dos meros e mapeando cada região de ação do peixe que ciclicamente segue os mesmos caminhos, eles desenvolveram oslos com sedimentos de mariscos com forma cilíndrica que são colocados de forma estratégica e com inclinação que permita a entrada e saída do peixe, bloqueando a claridade e diminuindo a temperatura da água naquele local de proteção inclusive contra redes, cada oslo instalado dispenderá 9 semanas para ser instalado e a retirada do material intramar não é devolvido e sim retirado para o feitio de novos oslos em média 30 metros cúbicos dia é extraido de um fundo similar a um mangue, caracteristica somente daquela região, onde a base tem que ser solida para não ser engolida por este material fino que invade e se aglomera como uma areia movediça, é uma iniciativa custeada por um grupo que faz isso por ‘Mero’ prazer, foram abordados pelos meios de comunicação mas preferem ficar anônimos apenas fazendo essa iniciativa voluntária de preservação deste peixe de proporções fora do nosso tempo.
Tem o apoio dos ribeirinhos, pois os mesmos se beneficiam com a estada deste pessoal por lá que compram tudo o que eles oferecem, muitos índios da região participam ativamente, e a marinha local aprova estas ações que identifica não somente estes, mas outras espécies que precisam também de atenção.
Carta da capitania.