O turismo em grande escala é a maior ameaça para a conservação das Ilhas Galápagos, incluídas nesta terça-feira na lista de patrimônios em risco, e o impacto da atividade poderia exterminar as diferentes espécies da região, como as lendárias tartarugas gigantes, denuncia um estudo da Fundação Charles Darwin.
“Há problemas nas Galápagos, mas não são os que se tem falado muito (pesca). É, antes de tudo, o modelo econômico e de desenvolvimento das ilhas”, declarou Graham Watkins, diretor da entidade que há 50 anos trabalha pela conservação do arquipélago.
Segundo o especialista, nos últimos 15 anos a zona “experimentou uma mudança radical” devido ao turismo dos operadores internacionais, que ficam com mais de 80% dos lucros.
“O turismo em Galápagos move 418 milhões de dólares por ano, dos quais só 60 milhões voltam para a economia local, o que o converte na principal ameaça e a pesca vem bem atrás“, afirmou Watkins.
A passagem em massa de visitantes gera problemas no arquipélago como a superpopulação, a entrada de espécies invasivas e o risco de contaminação trazido pela chegada de mais barcos.
Com a migração, chegam espécies invasivas (insetos, ratos, cachorros, gatos e plantas) que alteram o frágil ecossistema, onde habitam animais únicos como os tubarões e as tartarugas gigantes que levam o nome das ilhas, assim como pássaros e árvores.
No último ano, 140.000 pessoas visitaram as Galápagos. Destas, apenas 20.000 foram ao arquipélago por uma razão diferente de turismo, de acordo com a Fundação Charles Darwin.
Segundo o censo mais recente, no arquipélago residem 25.000 pessoas, das quais 1.800 estão ali temporariamente e entre 3.000 e 5.000 são imigrantes ilegais.
Na opinião de Watkins, a conservação das ilhas é uma “decisão política”. “A decisão da Unesco dá a oportunidade às autoridades de definirem quantos turistas podem visitar as ilhas por ano”.
As ilhas Galápagos foram o primeiro lugar do mundo a ser inscrito da Lista do Patrimônio Mundial, em 1978. O governo de Rafael Correa declarou o arquipélago em estado de emergência e anunciou restrições para os vôos, o turismo e permissões de residência.
Foi neste arquipélago que o britânico Charles Darwin estudou a evolução das espécies, antes de chegar à sua famosa teoria de seleção Natural.