Sem muita credibilidade entre os agentes do setor agropecuário, o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou no primeiro semestre do ano crescimento ínfimo de 1,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O setor foi o que menos cresceu, de acordo com a pesquisa.
Segundo a economista do IBGE, Amanda Rodrigues Tavares, o desempenho do PIB agropecuário se deveu à projeção da produção de café 15% menor para este ano e do arroz, cuja queda está estimada em 4%. Entretanto, parte da compensação virá da soja com colheita 11% superior nesta safra, e do milho, 21% maior.
Quando o desempenho do semestre é comparado com os seis meses anteriores, o resultado é ainda menor: aumento de apenas 0,2%. Mais uma vez, inferior aos demais segmentos da economia.
Considerando apenas o resultado do segundo trimestre do ano, o PIB da agropecuária teve resultado ruim também. Segundo o IBGE, a atividade cresceu apenas 0,6% na comparação com igual período de 2006, também menor que as demais atividades econômicas. “É ilógico, uma vez que é o PIB exatamente da colheita”, diz o economista Fábio Silveira, da RC Consultores.
Para ele, há problemas na metodologia do IBGE. De acordo com o economista, os números não demonstram a realidade do campo. “O setor está batendo recorde de produção e registrando aumento na receita superior aos números do PIB agropecuário”, afirma. Pelas projeções da consultoria, a safra colhida em 2007 foi de 133 milhões de toneladas – 12,7% superior à passada – o que irá garantir uma renda aos produtores de grãos de R$ 60 bilhões (valor 30,4% superior ao de 2006). Quando todo a renda agrícola é analisada, o que inclui as lavouras perenes, o aumento é de 17,8%, somando R$ 119 bilhões. Segundo Silveira, o número “mais próximo da realidade” é o do fechamento do ano.
No segundo trimestre, a pesca foi um dos segmentos que mais contribuíram para o resultado do PIB. A produção recuou 25% no período, na comparação com o segundo trimestre do ano passado. A silvicultura também ajudou a puxar para baixo os números da agropecuária, registrando produção 6% inferior.
O mercado considera os números da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mais confiáveis. A nova pesquisa será divulgada semana que vem. (Fabiana Batista e Neila Baldi – Gazeta Mercantil)