Ficamos impossibilitados de receber esse recurso por erro do Sine, que não digitou no tempo hábil
Mais de duas mil famílias de pescadores de Porto Novo, no sudeste do Pará, estão há três meses sem receber o Seguro-Defeso, um benefício no valor de um salário mínimo pago no período em que a pesca é proibida.
Há três meses, o pescador João Carlos Ferreira, de 43 anos, não recebe o Seguro-Defeso, um benefício pago aos pescadores na época em que a pesca fica proibida. Sem o dinheiro, ele disse que tem dificuldade para sobreviver. “Em um dia, almoça melhor. No outro dia, dorme sem jantar. Assim, vamos levando” explicou.
João Carlos Ferreira mora no vilarejo conhecido como Porto Novo, que fica a 45 quilômetros do centro de Jacundá, no Para. Na comunidade vivem cerca de 2,5 mil famílias e quase todas sobrevivem da pesca.
“Estou passando necessidade difícil. Eu queria que Deus abençoasse e o seguro saísse para melhorar um pouco. Está feio”, reclamou o pescador José Rubens Dias.
Em Porto Novo há 1,3 mil pescadores cadastrados. Por causa do período de defeso a pesca é proibida por lei, mas os pescadores da região deveriam receber durante quatro meses o valor de um salário mínimo como seguro, o que não acontece desde novembro do ano passado.
“Esses processos são de responsabilidade do Sine pela digitação. Ficamos impossibilitados de receber esse recurso por erro do Sine, que não digitou no tempo hábil”, explicou Luís Pereira, presidente da Colônia de Pescadores.
Sem o dinheiro do Seguro-Defeso o casal teme passar fome. “A gente está passando por dificuldades. Os vizinhos que estão ajudando”, disse o pescador Bernardo Silva.
De acordo com o Sine, Sistema Nacional de Empregos, a suspensão do pagamento ocorreu porque algumas pessoas que não vivem da pesca estavam recebendo o benefício no município. O órgão alega que já encaminhou o cadastramento de todos os pescadores para a Superintendência do Trabalho, em Belém, e que o pagamento será feito depois que o dinheiro for liberado pelo governo.