BELÉM – A morte de milhares de sardinhas que foram lançadas pela maré na praia do Crispim, em Marapanim, no Pará, na tarde do último domingo, por ter sido conseqüência de um descarte de um barco de pesca industrial que passava no estuário da região do Salgado.
A hipótese foi levantada nesta terça-feira pela engenheira de pesca Rosália Souza, que também é pesquisadora do Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte (Cepnor), durante visita feita por ela, técnicos e peritos do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Dema (Delegacia do Meio Ambiente) e do Instituto de Perícias Científicas Renato Chaves no local onde apareceu o cardume morto. (Leia também: Milhares de sardinhas aparecem mortas em outra praia do Pará )
O descarte de peixes costuma ser resultado da pesca predatória. Espécies são capturadas em quantidades acima das permitidas ou com técnicas como arrastão ou malha fina. Em busca de peixes grandes ou de determinada espécie, os pescadores acabam capturando pescados de menor valor, que acabam sendo jogados fora.
Só na pesca de camarão, por exemplo, em cada arrasto de rede pelo menos 70% do que é capturado é lançado de volta ao mar. Segundo Rosália, está quase que totalmente descartada a possibilidade da mortandade de quase três toneladas de peixe ter sido resultado do chamado ‘encontro das águas’ salgada e doce, como disseram pescadores e pessoas que residem no município. A pesquisadora do Cepnor explicou que seria necessário ter chovido bastante na região, como acontece apenas no período do inverno.
– A sardinha resiste a variações de salinidade. Seria preciso estar chovendo muito quando o cardume entrou no estuário, para que os peixes morressem desse encontro de águas. E o fenômeno também ocorreria em outras praias próximas, o que, me disseram, não aconteceu – garante Rosália Souza.
A terceira hipótese levantada pelos profissionais, de que a morte das sardinhas tenha sido provocada pela proliferação de algas naquele trecho de praia, também foi descartada. Eles dizem que, se isso tivesse ocorrido, as pessoas que tiveram contato com a água também teriam sido afetadas pela ‘maré vermelha’, como esse outro fenômeno é conhecido.
Por fim, o lançamento da resina do cipó timbó, usado por muitos pescadores artesanais para atordoar os peixes, e assim capturá-los com mais facilidade, também é descartada. O timbó só é usado nos rios, e a morte das sardinhas ocorreu em águas marinhas.
Os peritos recolheram amostras das sardinhas para serem periciadas e pesquisadas.
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