A safra de camarão no estuário da Lagoa dos Patos, desde Arambaré até a Barra do Rio Grande, foi aberta ontem, 1º de fevereiro. Porém, sem motivos para entusiasmo. Isso porque as perspectivas não são nada boas devido à grande quantidade de chuva ocorrida no Rio Grande do Sul nos últimos meses. Conforme o professor Fernando d’Incao, do Laboratório de Crustáceos Decápodes do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a previsão é de uma safra ruim, de baixa produção – menos de 1.000 toneladas.
Segundo ele, no momento não há camarão no estuário. As larvas não entraram na lagoa, onde se desenvolvem, porque não houve ingresso de água salgada. “Choveu desde setembro devido ao fenômeno El Niño”, explicou, acrescentando que não vê chance de se reverter esta situação. Os meses importantes para a entrada das larvas são outubro, novembro e dezembro, mas a lagoa cheia impediu o ingresso do crustáceo.
A Lagoa dos Patos drena a água das chuvas que caem em mais da metade do Rio Grande do Sul. Parte das precipitações que ocorrem no Uruguai, em área mais próxima da fronteira, também vem para a Lagoa dos Patos via Lagoa Mirim e Canal São Gonçalo. A saída de toda essa água para o mar é pela Boca da Barra. De acordo com o professor, é muita água para uma saída tão estreita.
O presidente da Colônia de Pescadores Z-1, Ilário Borges, entende que esta deve ser uma das piores safras de camarão. “Ninguém vai sair para pescar porque não tem o crustáceo no estuário. E continua chovendo e com previsão de mais chuva“, salientou. Borges ressalta que a situação financeira dos pescadores artesanais é preocupante, pois já não houve corvina e agora não tem camarão.
Fiscalização
Os trabalhadores da pesca que atuam no estuário já podem fazer a captura do camarão, mas há critérios a serem observados e o Ibama vai estar fiscalizando o cumprimento das determinações feitas através da Instrução Normativa conjunta do Ministério do Meio Ambiente e Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (hoje Ministério de Aquicultura e Pesca) número 03, de setembro de 2004.
O tamanho do crustáceo é um dos fatores, pois a pesca, a comercialização e o transporte da espécie com tamanho inferior a nove centímetros é proibida sempre. Será tolerado apenas 20% de exemplares capturados com tamanho inferior ao estabelecido. O uso de redes de saco e aviãozinho com malha de tamanho inferior a 24 milímetros também não é permitido.
Agora – O jornal do Sul
Carmem Ziebell