Maior produtor e exportador de pescado do país, o Rio Grande do Norte é um dos fortes candidatos a sediar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária da Aquicultura e Pesca (Embrapa), novo projeto do governo federal que poderá ganhar fôlego quando a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca for finalmente transformada em ministério. O projeto de lei que muda a abrangência da pasta, institui um quadro próprio de pessoal concursado, define uma política de Estado para desenvolver o potencial do pescado brasileiro e cria a Embrapa da Aquicultura e Pesca já está no Congresso Nacional. Segundo os empresários e especialistas potiguares, o RN já é o primeiro estado da lista na disputa pela sede da empresa.
O subsecretário de Pesca e Aquicultura do RN, Antônio-Alberto Cortez, conta que a idéia de se criar uma empresa de pesquisa na área do pescado vem sendo ventilada há cerca de seis meses. Em julho do ano passado, quando anunciou a criação do Ministério da Pesca, o presidente Lula tocou no assunto em seu discurso. Com a confirmação do ministro Altemir Gregolin na semana passada, o tema ganhou força. ‘‘A governadora Wilma de Faria propôs desde o ano passado que o Rio Grande do Norte fosse lembrado na hora de se instituir esse novo órgão’’, lembra Cortez. Segundo ele, o potencial que o estado tem na produção de pescado, seja por cultivo ou captura, já faz dele um forte candidato.
‘‘Nós representamos a síntese da pesca brasileira. Somos o maior exportador de peixes e camarão do país e o terceiro maior exportador de lagosta. Por isso achamos que o RN detém de condições bastante favoráveis para que aqui sejam implantados institutos que visem o desenvolvimento do setor. Temos condições de lutar por isso e é mais uma bandeira que vamos segurar’’, garante o subsecretário.
Mas de acordo com o presidente do Instituto de Assistência Técnica e Rural do RN (Emater), Luiz Cláudio Souza Macêdo, não existe, dentro do planejamento estratégico da Embrapa, qualquer indicação da criação de uma sede no Rio Grande do Norte, principalmente de uma específica para o setor pesqueiro. ‘‘Existe, sim, uma proposta de fortalecimento da Embrapa com a empresa local de pesquisa, que é a Emparn, com a chegada de mais pesquisadores e a disponibilização de mais recursos’’, contrapõe. Segundo Macêdo, a Emparn estaria incluída no PAC-Embrapa, uma espécie de programa especial para fortalecer as empresas de pesquisa, disponibilizando recursos e um maior contingente de pesquisadores.
Já o presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do RN (Sindipesca), Arimar França, acha que o Rio Grande do Norte deve ter a prioridade do Ministério da Pesca na criação da nova Embrapa. ‘‘Somos o estado que mais exporta pescado, tanto camarão como peixe, e já existe aqui o Centro de Tecnologia da Aquicultura, então temos tudo a nosso favor e muitos pontos de vantagem sobre os outros estados’’, argumenta.
Ter uma Embrapa da Aquicultura e Pesca no Rio Grande do Norte representaria a ‘‘rendenção’’ para o estado, na opinião de França. ‘‘Pelas premissas necessárias nós somos o primeiro candidato a sediar essa nova empresa, além de já sermos pioneiros em pesquisa’’, acrescenta ainda. A Embrapa possui hoje 41 unidades espalhadas pelo país e outras três sendo implantadas, nenhuma no Rio Grande do Norte.
D’Luca/DN