Policiais ambientais de Cáceres irão retirar os inúmeros pontos de cevas localizados ao longo da margem do rio Paraguai. Calcula-se que existam atualmente mais de 100 “pontos de ceva” instalados em várias partes do rio Paraguai e afluentes como Jauru, Sepotuba e Cabaçal. A informação é do comandante da 2ª Companhia de Polícia Ambiental, capitão Wellington Rodrigues. O trabalho de combate a esse método de pesca considerado predatório e proibido pela lei 9.096 criada no ano passado, vem sendo executado em todo o Estado.
A fiscalização só não foi realizada antes, em Cáceres, segundo o capitão Rodrigues, porque os policiais estavam engajados na operação Gênesis, realizado na semana passada na região para o combate ao tráfico de drogas na fronteira.
Os órgãos de segurança não descartam dificuldades para execução dos trabalhos, principalmente, no perímetro urbano do município. Na área da antiga Empa, por exemplo, existem vários pontos de cejas, instalados por empresários, políticos e comerciantes, na margem do rio. “Creio que não teremos dificuldades fora do perímetro urbano, onde as cevas são de pescadores humildes. Mas aqui, certamente, teremos problemas porque os pontos são de pessoas influentes” disse um policial.
Além de ser considerado método de pesca predatório, a instalação de pontos de ceja, praticamente, impede a pesca artesanal e até mesmo o lazer no rio. As áreas geralmente são cercadas; os proprietários se auto-intitulam donos e com isso proíbem até mesmo a aproximação das margens tanto por terra como por água onde existe essa prática de captura dos peixes. O Ministério Público Estadual, em Cáceres, já tentou acabar com esse tipo de pesca. No entanto, não conseguiu porque houve resistência, principalmente, de empresários e políticos. Há registros, inclusive, que a disputa por pontos de ceva também já resultou em desentendimentos e até troca de tiros entre pescadores.
O trabalho para retirada das cevas fixas começou na semana passada em Cuiabá. Mais de três mil cevas com fixação permanente foram retiradas do rio pela equipe de fiscalização Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e policiais do Batalhão Ambiental da Polícia Militar. A ação tem caráter orientativo. “É uma quantidade significativa, que foi apreendida no trecho entre Cuiabá e a Barra do Aricá, em Santo Antônio de Leverger”, informou o superintendente de Fiscalização da Sema, tenente-coronel Paulo Serbija. O objetivo da ação é assegurar o equilíbrio ecológico, a conservação dos organismos aquáticos e a capacidade de suporte dos ambientes de pesca.
A ceva fixa geralmente feita com bóias ou galões é usada para armazenar o alimento, em especial milho e soja, no fundo do rio. O método altera ciclo natural da migração trófica (busca de alimentos), de forma que os cardumes deixam de se locomover em busca da comida e ficam sempre perto das cevas estabelecidas, ou seja, tornam-se presas fáceis. O apetrecho oferece ainda risco às embarcações.
Pela legislação, as cevas tornaram-se apetrechos de uso proibido, da mesma forma como os espinhéis e redes. Identificados, os infratores são autuados e o produto da pesca, equipamentos, veículos e embarcações são apreendidos. A multa prevista varia de R$ 100 a R$ 1 milhão, dependendo da quantidade de material e pescado retido. Todo o material apreendido será doado a instituições de caridade para reciclagem.
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