Projeto Robalo fecha parceria com Instituto de Pesca de São Paulo, trabalho desenvolvido no Rio de Janeiro será realizado também em São Paulo.
Com o objetivo de ampliar suas ações voltadas à recuperação de ecossistemas marinhos, o Projeto Robalo, iniciativa que estimula a geração de renda dos pescadores da cidade de Paraty (RJ) e promove o repovoamento marinho da região, acabou de firmar uma parceria com o Instituto de Pesca de São Paulo.
O acordo de cooperação técnica prevê o fornecimento de matrizes de cerranídeos (badejos, garoupa e mero) e litujanus (vermelho caranha) por parte do Projeto Robalo, ao Instituto de Pesca. A entidade, por sua vez, entra com a estrutura, tecnologia e mão-de-obra para promover a reprodução dessas espécies em reservatórios especiais.
Uma vez concluído este processo, os alevinos (filhotes) retornam aos mares de Paraty, Angra dos Reis e, a partir de agora, de Ubatuba. As matrizes encaminhadas aos cuidados do instituto não são alimentadas com ração, de modo a não causar poluição às águas onde estão armazenadas. Nesse caso, somente são utilizados restos orgânicos que passam por um processo de higienização antes de serem destinados à alimentação dos peixes.
Para Alexandre Gomes Fonseca, técnico em aqüicultura e um dos responsáveis pelas ações do Projeto Robalo, “esta iniciativa é uma importante saída para o restabelecimento marinho dos locais contemplados pelo acordo. Nossa proposta é buscar cada vez mais parceiros que viabilizem a realização deste tipo de trabalho em outros locais do litoral brasileiro”, afirma Fonseca.
Sobre o Projeto Robalo – O Projeto Robalo, ação desenvolvida desde 2003 pelo Instituto Arruda Botelho (IAB), na cidade de Paraty (RJ), foi criado com o objetivo de suprir grandes necessidades da região e utilizar de forma racional e construtiva as potencialidades lá existentes. Diante dessas diretrizes, a iniciativa estimula o desenvolvimento sustentável da comunidade pesqueira local por meio da geração de renda, colabora para a recuperação do ecossistema marinho e apóia a realização de pesquisas científicas.
A metodologia do Projeto baseia-se no fornecimento de tanques-redes para as comunidades que vivem da pesca. Eles funcionam como armazenadores submersos de peixes e acabam com a necessidade da utilização de gelo e outros custos de armazenamento e conservação, evitando que o pescado estrague antes mesmo de chegar aos pontos-de-venda, principalmente em grandes distâncias. Conseqüentemente, a margem de lucro dos pescadores é ampliada e os restaurantes, por sua vez, passam a contar com um produto de melhor qualidade e mais fresco. O grande diferencial dos tanques é servir como um reservatório natural, mantendo os peixes vivos enquanto eles não são comercializados.
Tal benefício social resulta em melhorias ambientais. Além de ampliar a renda dos pescadores, os tanques também agem, comprovadamente, na recuperação do ecossistema ao redor desses reservatórios. Uma vez instalados, os tanques são transformados em verdadeiros berçários marinhos, onde galhos de podas de árvores e vegetação são adicionados nestes compartimentos para simular um ambiente aquático natural.
Em conseqüência desta prática, os peixes armazenados passam a se alimentar dos resíduos orgânicos gerados por este ambiente, dispensando a utilização de ração que, em larga escala, poderia poluir as águas. Tal processo acaba por alimentar também outros peixes que, por conta disso, passam a ficar em torno dos tanques. Experiências revelaram que, em regiões onde não havia mais peixes, o ecossistema foi recuperado após a instalação dos tanques-redes. Nessas localidades, a pesca predatória fica proibida, impedindo a prática do arrasto.
Atualmente, o Projeto Robalo conta com três embarcações equipadas com modernos recursos de navegação, comunicação e iluminação, uma lancha que comporta cinco pessoas, quatro equipamentos de refrigeração, dois trituradores de capacidade industrial para o beneficiamento dos restos orgânicos, equipamentos completos para mergulho e um galpão de 130 m2.
O Instituto de Pesca – A entidade, com sede na cidade de Santos (SP), foi criada em 8 de abril de 1969 com o intuito de desenvolver pesquisas sobre ecossistemas aquáticos, biologia, pesca de organismos marinhos e de águas continentais, dinâmica de frotas pesqueiras, tecnologia e aproveitamento integral de pescados. O objetivo é o aperfeiçoamento da cadeia produtiva pesqueira. Atualmente, o Instituto conta com 72 pesquisadores (sendo 41 com titulação de doutor e 20 com titulação de mestre), que desenvolvem 70 projetos de pesquisa. O Programa de Pós-graduação conta com 21 professores e 53 alunos. | Site: www.institutoarrudabotelho.org.br
Fonte= Revista Fator