Foi um crescimento acima de 40%, em relação a 2008, e aponta para uma produção significativamente maior em 2010, quando, além das sete estações de piscicultura existentes, uma nova, a de Caiçara, em Paulo Afonso, deve estar em operação. Com isso, a Bahia Pesca, empresa da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), deve multiplicar a atual produção de alevinos (filhotes de peixe) por dez no próximo ano.
As razões são simples. Em 2008, as sete estações de piscicultura da Bahia Pesca produziram 4,1 milhões de alevinos. Já em 2009, essas estações passaram por profundas reformas e somente começaram a produzir de forma significativa a partir do segundo semestre, mas mesmo assim ultrapassando a meta de produção alcançada no ano anterior, chegando a sete milhões de alevinos.
Com a conclusão das reformas e com a entrada em operação da Estação de Caiçara, a meta da Bahia pesca é de atingir mais de 50 milhões de alevinos a partir do final de 2010. Isso porque somente a região de Paulo Afonso deve produzir mais de 12 milhões, tornando-se a maior unidade de produção de alevinos no estado.
Das sete estações mantidas pela Bahia Pesca, a de maior produção em 2009 foi a de Boa Vista do Tupim, no município do mesmo nome, com dois milhões de alevinos. Em seguida vieram as de Pedra do Cavalo, no município de Cachoeira (1,7 milhão), Joanes 2, em Camaçari (1,45 milhão), Jequié (um milhão), Itamaraju (650 mil), Cipó (310 mil) e Porto Novo, no município de Santana, cujas reformas somente foram concluídas no final deste ano.
Com isso, o programa de povoamento em aguadas públicas beneficiou mais de dez mil famílias em 57 municípios em 2009, principalmente as localidades que ficam no semiárido. Através de entidades e associações, a Bahia Pesca fornece os alevinos e dá capacitação para os pequenos produtores rurais, que após o período de alevinagem fazem a engorda dos peixes com rações balanceadas.
Para o presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli, 2010 se configura como o ano da piscicultura na Bahia. Isso porque, além dos programas em andamento, outros já entram na fase de execução, como o de reaproveitamento de poços artesianos dessalinizados, que começa pela região de Ipirá, e o de peixamento avançado em aguadas públicas, com a utilização de tanques-rede para aclimatação e alevinagem por períodos entre 30 e 435 dias, até a sua soltura definitiva em açudes, barragens e represas.
Estações de piscicultura
Além da Caiçara, são sete as estações de piscicultura da Bahia Pesca, de onde são produzidos os alevinos para os programas de povoamento no interior. As estações Joanes 2, Pedra do Cavalo, Cipó, Boa Vista do Tupim, Porto Novo, Jequié e Itamaraju produzem matrizes e reprodutores de alevinos para distribuição, povoamento e repovoamento de corpos d’água públicos, além da comercialização para aquicultores particulares.
Terminais pesqueiros vão modernizar a pesca
A construção de dois terminais pesqueiros – Ilhéus e Salvador –, os primeiros no estado, constitui-se na principal estratégia da Bahia Pesca para modernizar o segmento. Detentora do maior litoral brasileiro (1.180 quilômetros), a Bahia é o terceiro estado maior produtor de pescado no Brasil, com uma média anual de 80 mil toneladas.
Mas, apesar da sua produção, esta não atende sequer 60% do consumo interno, forçando o estado a importar o pescado de outras regiões. O maior problema é que boa parte da pesca feita nos limites da plataforma continental baiana não é desembarcada no próprio estado, por causa da falta de infraestrutura para abrigar os grandes barcos pesqueiros. O resultado é que o peixe que é pescado em águas baianas vai para outros estados e retorna à Bahia com preços mais altos.
Profissionalização
Com a construção dos dois terminais, além das vantagens técnicas para a pesca, como abastecimento, sistema de rádio, insumos, os pescadores baianos terão condições de se profissionalizar para a pesca oceânica.
Isso começa a ser possível graças aos cursos de capacitação que a Bahia Pesca, com a participação da Fundação para o Desenvolvimento das Comunidades Pesqueiras Artesanais (Fundipesca), vem fazendo com pescadores de várias regiões do estado.
Já com essa visão do futuro, os pescadores vêm aprendendo as técnicas de pesca em alto-mar, com o uso de tecnologias do GPS, sondas, radiogoniômetros, radares e equipamentos de comunicação (VHF e SSB).
O curso é dividido em duas partes – uma em terra e outra no mar e duração de 200 horas –, com práticas de equipamentos de tecnologia náutica e manuseio de embarcações. Conta com alunos dos municípios de Caravelas, Prado, Canavieiras, Ilhéus, Valença, Vera Cruz e Salvador.
Para a pesca artesanal, predominantemente feita no Recôncavo, a Bahia Pesca desenvolveu o Projeto de Fortalecimento da Pesca Artesanal na Baía de Todos-os-Santos, com um investimento de R$ 1,135 milhão, feito em conjunto com o Ministério de Aquicultura e Pesca.
Foi feita a capacitação dos pescadores em gestão, associativismo e cooperativismo, mecânica de motores marítimos e tecnologias do pescado, e 58 barcos a motor foram distribuídos.
Agecom