Ex-garimpeiros que agora são pequenos produtores rurais, passam a investir também na criação de peixes em tanques de áreas degradadas
Muito conhecido no passado como Garimpo do Peba – em função da prática da atividade mineradora em épocas áureas da extração de diamantes – o distrito de Cachoeira Rica, localizado em Chapada dos Guimarães, vive hoje uma nova e esperançosa realidade por causa da piscicultura. Depois da escassez das pedras preciosas, antigos garimpeiros passaram a se ocupar da atividade agrícola de subsistência e agora estão investindo também na transformação de áreas degradadas pelo garimpo em tanques para criação de peixes nativos mato-grossenses, entre eles pacu, tambaqui, tambacu e piraputanga. Um detalhe fundamental para a viabilização do projeto é a abundância de água já que o distrito fica entre os rios Lagoínha e Cachoeira Rica.
A iniciativa, de acordo com o presidente da Associação Comunitária dos Pequenos Produtores Rurais de Cachoeira Rica, Gervásio Moreira da Silva, partiu da própria comunidade com cerca de 120 famílias. “A grande maioria das pessoas aqui, como eu, é ex-garimpeira que praticamente não sabe fazer outra coisa. Em um certo dia, numa reunião, ao sabermos que os buracos deixados pelos antigos garimpos poderiam ser transformados em viveiros para a criação de peixes, decidimos que essa seria a alternativa para termos renda novamente”.
Na época, os integrantes da comunidade procuraram o então secretário de Agricultura de Chapada dos Guimarães, Marcos Sguarezi, que indicou os primeiros passos para a implementação do projeto, intermediando com os possíveis parceiros. Os produtores tiveram que pleitear o Cadastro Ambiental Rural (CAR) junto à Secretária de Estado de Meio Ambiente (Sema). Outra medida importante foi a avaliação do local e o treinamento para o desenvolvimento da atividade e foi firmada uma parceria com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) e com o MT Regional.
A comunidade de Cachoeira Rica está inserida no Programa Feira do Peixe do Conab/Ministério da Pesca, ou seja, serão fornecedores de peixe para o abastecimento do mercado regional, incrementado com a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Esse programa prevê melhorias para a comunidade.
O problema era o local para o desenvolvimento da atividade de piscicultura. A comunidade, via associação, procurou Jeova Feliciano, proprietário de mais de 100 hectares de área alagável, controlada por canal de abastecimento permanente. Após vários meses de negociação, ele resolveu vender a terra. A compra foi efetuada através do Programa Nacional do Credito Fundiário (PNCF), do Governo Federal. Ou seja, todo o recurso para financiar a compra da terra é do Governo Federal, porém, o processo de analise técnica e de documentação é de responsabilidade da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (Seder).