O aparecimento do peixe carnívoro, pirambeba, na Lagoa Manguaba tem preocupado os Órgãos ambientalistas de Alagoas. O alerta foi dado na semana passada pela Federação dos Pescadores do Estado, durante uma reunião no município de Pilar que reuniu poderes públicos municipais e estaduais, ONG’s, colônias de pescadores e sociedade organizada. De acordo com relatos de pescadores, a espécie tem aparecido com freqüência na lagoa nos últimos seis meses.
A pirambeba é um peixe carnívoro, parente das piranhas, e se torna agressivo quando ameaçado. É nativo de várias bacias hidrográficas do Brasil, como a do Amazonas, do Paraguai, do Paraná, do Tocantins e do São Francisco, sendo mais freqüente em águas paradas ou rios de pouca correnteza. Em Alagoas é comum encontrá-lo na Várzea da Marituba, bacia do rio São Francisco.
“A proliferação da espécie é considerada preocupante, porque ameaça o futuro de algumas modalidades de pesca”, afirma José Francisco de Oliveira, pescador aposentado de Marechal Deodoro. Segundo ele, a pirambeba está comendo as carapebas, tilápias, curimãs e bagres que estão malhados nas redes, além de estragar as próprias redes. Isso pode resultar num grave problema social, já que muitas famílias sobrevivem da pesca. “Temos medo ainda que a pirambeba chegue até a Lagoa Mundaú”, observa apreensivo o pescador.O receio do seu José Francisco tem mesmo fundamento. O que se sabe é que a pirambeba é um peixe de água doce; não há relatos de sua presença em estuários e/ou em águas salgadas. Contudo, nesta época do ano, grande parte do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba recebe quantidade considerável de água doce, proveniente das chuvas. Presume-se que a espécie possa atingir a Lagoa Mundaú através do Canal de Dentro, também chamado de Canal da Assembléia, pelo lado oeste da Ilha de Santa Rita.
De acordo com o ambientalista da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Fernando Veras, a eliminação da espécie naquele local é muito difícil, haja vista a dispersão do peixe e a grande extensão da lagoa. “O aparecimento da pirambeba ocorria principalmente na foz do rio Paraíba, na época do verão. Hoje, a espécie já está sendo capturada em Marechal Deodoro, a muitos quilômetros dali”, explica.
Uma nova reunião ficou agendada para a próxima terça-feira (21), também em Pilar, onde serão repassadas aos presentes informações sobre a pirambeba e as formas de convívio com a espécie. Peixes também serão capturados para que se faça sua identificação científica.
Fonte = Primeira Edição