A Embrapa Pantanal recebeu na segunda-feira, dia 16 de fevereiro, a visita de professores e pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB), da Espanha, que vieram em busca de informações científicas a respeito da pesca. Desde a década de 1980 a Unidade de Corumbá desenvolve estudos sobre o tema.
Os pesquisadores europeus, junto com professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), estão fazendo um estudo comparativo entre a influência da mídia em comunidades de pescadores profissionais artesanais do Pantanal Sul e de Vilanova e Geltrú, na Costa do Mediterrâneo na Catalunha.
A pesquisa se chama “O papel da inclusão comunicativa sobre o potencial de desenvolvimento nas comunidades que sofrem situações sócio-econômicas adversas: análise comparativa das comunidades de pescadores do litoral catalão com as do Pantanal Sul”.
A equipe, formada pelos professores Angel Rodriguez e Norminanda Montoya, e pelo doutorando Lluis Mas, foi recebida pelo pesquisador Agostinho Catella, da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Também faz parte do grupo a professora Ruth Vianna, da UFMS. Os professores espanhóis atuam no Laicom (Laboratório de Análise Instrumental de Comunicação) da UAB.
Segundo Rodriguez, o grupo constatou que as comunidades de pescadores artesanais dos dois países enfrentam situações semelhantes em relação à subsistência.
“A quantidade de pesca foi reduzida por questões ambientais e de regras dos governos. Nos dois países, a pesca é forte para o desenvolvimento turístico”, afirmou Rodriguez.
O trabalho deles com a UFMS começou há dois anos, quando a professora Ruth apresentou dados do que ocorria no Pantanal. Neste período, estiveram três vezes em Corumbá, mas foi a primeira visita à Embrapa Pantanal.
PLURALIDADE
Agostinho Catella apresentou aos pesquisadores uma retrospectiva da história da pesca no Mato Grosso do Sul desde a década de 1970, quando começou o turismo de pesca na região, levando ao modelo atual de uso múltiplo, no qual os recursos pesqueiros são utilizados por diferentes setores da sociedade.
Ele fez questão de auxiliar o grupo em relação à pluralidade de opiniões sobre o tema na região, indicando representantes de diversos setores para que os pesquisadores tivessem oportunidade de colher informações distintas.
“Para nós, foi importante constatar que os problemas que temos aqui em relação ao manejo da pesca se repetem em outras partes do mundo”, afirmou Catella.
Ele também repassou aos espanhóis informações de pesquisas realizadas na Unidade sobre estatísticas e avaliação de estoques, turismo cultural de pesca, agregação de valor ao pescado por meio de novos produtos e utilização de espécies subaproveitadas.
“O pescador tem um saber e um modo de vida próprios, relacionados ao seu conhecimento ecológico tradicional. Não tem patrão, é autônomo. O tempo do pescador é o tempo da natureza, diferente do tempo das pessoas que trabalham nas cidades. Se o dia não está bom para a pesca, ele sabe que não adianta sair para pescar”, afirmou.
“Ele faz tudo isso com tamanha naturalidade, que parece fácil o seu trabalho. Além disso, como não tem espírito empreendedor, utiliza pouco de todo o seu potencial e, nesse sentido, é um grupo social que precisa ser assistido pelo Estado”.
Foto: Agostinho Catella
Legenda: Pescador observa peixes
Fonte
Ana Maio
Jornalista – Mtb 21.928
Área de Comunicação e Negócios-ACN
Embrapa Pantanal
Corumbá (MS)