Pescadores que utilizam embarcações devem atentar a uma espécie aquática invasora que oferece riscos aos ecossistemas do Estado: o mexilhão dourado. O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) está executando ações relativas ao Plano de Ação para o Controle do Mexilhão Dourado. Trata-se de uma pequena espécie de molusco vinda da Ásia que está se espalhando pelas bacias hidrográficas dos rios Paraná e Paraguai, que contornam Mato Grosso do Sul, ameaçando os ecossistemas dessas regiões.
A gerente de Recursos Pesqueiros e Fauna da Superintendência de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul, Francisca Albuquerque, explica que o bioinvasor tem ciclo de reprodução a cada 20 dias, proliferando-se rapidamente: “Pesquisas indicam que ele já foi encontrado no rio Miranda, na região do Barranco Branco, próximo à cidade de Miranda. Nossa grande preocupação é que ele alcance o rio Salobra, atingindo a região turística da Serra da Bodoquena, prejudicando, além do meio ambiente, a economia da região, baseada no ecoturismo”.
Além de afetar o turismo, o mexilhão dourado põe em risco também a agricultura, já que ele se fixa em tudo o que é sólido nos ambientes aquáticos: “As tubulações de sistemas de irrigação também correm risco, pois o molusco bloqueia os canais de passagem de água”, relata Francisca.
Equipes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (Semac), Imasul e Embrapa Pantanal já estão fazendo o monitoramento nas duas bacias hidrográficas de Mato Grosso do Sul, analisando a movimentação do mexilhão.
No ano passado, foram formados grupos de trabalho nas áreas de pesquisa, legislação, fiscalização, educação ambiental, treinamento, monitoramento e controle da praga. Ao final da prorrogação da piracema, os órgãos envolvidos estarão executando várias ações para o controle da praga: “Estamos em alerta para preservar as riquezas ambientais de nosso Estado”, esclarece Francisca.
Histórico e características
A espécie de água doce, originária do Sudeste Asiático, mais precisamente da China, cruzou o Oceano Pacífico em tanques da água de lastros de navios cargueiros que aportaram no estuário do Rio da Prata, na Argentina, em 1991. Lá, foi despejado o conteúdo dos tanques, liberando o animal no ambiente. Desde então, ele tem se espalhado pelas bacias hidrográficas, chegando ao interior do continente sul-americano e à região do Pantanal. O primeiro registro do bioinvasor foi feito em Corumbá, no rio Paraguai, em 1998.
O que torna o mexilhão dourado uma espécie invasora tão perigosa é a grande força reprodutiva e o fato de não encontrar inimigos naturais. Ele não serve para a alimentação dos peixes ou humana, ocupa o lugar de espécies nativas e afeta todo o ecossistema invadido. Além dos prejuízos ambientais, o mexilhão traz perdas para as atividades econômicas que dependem de recursos hídricos, como geração de energia, tratamento de água e até a pesca, por ser capaz de entupir motores de embarcações, encanamentos, sistemas de irrigação, sistemas de resfriamento de indústrias e hidrelétricas, além de afundar tanques-rede e bóias sinalizadoras de navegação. Pode, ainda, vir a prejudicar o turismo, caso se fixe em áreas aproveitadas para tal atividade.
O mexilhão não nada, por isso depende da ajuda humana para se disseminar. O molusco pode ser transportado nos cascos de barcos, depósitos de água para limpeza das embarcações, viveiros de iscas vivas, raízes de plantas aquáticas e equipamentos de pesca. Assim, conforme os barcos viajam, levam juntos mexilhões adultos incrustados em equipamentos ou suas larvas imperceptíveis na água utilizada dentro do barco. Logo, entre outras providências, as ações de controle do molusco terão, necessariamente, de sensibilizar o público que transita pelos rios da região, a fim de que adote medidas para evitar o transporte involuntário do animal.
Fonte www.ibama.gov.br