O município de Pontal do Paraná deverá ser o primeiro do Estado a receber a implantação de um Centro Integrado da Pesca Artesanal (Cipar). A informação foi revelada ontem pelo coordenador de Aquicultura e Pesca do Instituto Federal do Paraná (IFPR), Otávio Bezerra Sampaio, após reunião em Paranaguá com o coordenador da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República (Seap-PR), João Dias.
Durante o encontro, realizado na prefeitura de Paranaguá, foram debatidos a formação escolar e profissional dos pescadores, além de abordada o programa “Território do litoral do Paraná” outra política do governo federal, que também prevê a instalação de cursos profissionalizantes para pescadores de sete municípios do litoral paranaense.
Segundo Sampaio, o objetivo é investir na capacitação dos trabalhadores que vivem da pesca e criar condições para que o setor possa se desenvolver. “O Brasil tem 8,4 mil quilômetros de costa e mais 5,5 milhões de lâminas d’água. Isso se constitui num potencial imenso. Por isso, trabalhar a formação dos pescadores é fundamental para desenvolver esse importante segmento da economia”, afirma.
Apesar da importância econômica do setor, Sampaio conta que os pescadores fazem parte de uma gama de trabalhadores com maiores índices de baixa escolaridade, além de contar com pouca infra-estrutura e condições precárias de trabalho. A baixa escolaridade, segundo Sampaio, pode ser um entrave para o crescimento do setor.
“90% dos pescadores do Nordeste são semianalfabetos. No Brasil, 80% deles tem apenas a quarta série”, revela. Segundo Sampaio, a criação de novos cursos de aquicultura e pesca permite um desenvolvimento sustentável, além de otimizar a renda dos trabalhadores.
De acordo com Sampaio, o potencial da pesca artesanal é substancial, já que os pescadores artesanais respondem por cerca de 60% da produção pesqueira do País, o que representa mais de 500 mil toneladas por ano.
O coordenador do IFPR conta que serão investidos cerca de R$ 15 milhões para implantar toda a estrutura que vai viabilizar o Cipar. “É uma estrutura ampla, com espaço para trânsito e estocagem de carga, além de fábrica de gelo e salas para manutenção de equipamentos”, conta Sampaio.
Atualmente, o IFPR ministra cursos de aquicultura e pesca em Paranaguá e em Foz do Iguaçu. Sampaio adianta que serão criados três novos cursos com aulas teóricas e práticas, que vão desde o manejo de equipamentos à captura do pescado. “As aulas serão ministradas diretamente na colônia dos pescadores junto com a comunidade”, explica Sampaio.