Até o momento, os experimentos têm sido feitos com cacharas, espécie nativa do Pantanal.
A Embrapa Pantanal acaba de adquirir e reformar um novo barco que serve de base para as pesquisas desenvolvidas com tanques-rede, no chamado bracinho do rio Paraguai, em Corumbá (MS). A embarcação foi adquirida com recursos do MAP (Ministério da Aquicultura e Pesca).
As pesquisas desenvolvidas pelo biólogo Flávio Nascimento buscam viabilizar a piscicultura no Pantanal, com a criação de espécies nativas em tanques-rede. O projeto é financiado pelo Macroprograma 3 da Embrapa, pelo PAC Embrapa (Programa de Fortalecimento e Crescimento da Embrapa) e pelo ministério.
Até o momento, os experimentos têm sido feitos com cacharas, espécie nativa do Pantanal. No ano que vem, quando for renovar a criação, Flávio pretende testar também o pacu (também nativo)
A nova embarcação é fundamental para o desenvolvimento do projeto. O monitoramento da qualidade da água é diário. Equipes de estagiários e reservistas do Exército Brasileiro estão colaborando com a pesquisa, por meio do curso Noções Básicas de Piscicultura em Tanques-Rede no Pantanal.
Eles fizeram a parte teórica e agora estão aprendendo, na prática, como funciona a criação de peixes no rio. São 16 soldados, que se revezam semanalmente em grupos de quatro. Todos vão receber certificados no final do curso, comprovando que estão aptos a trabalhar com piscicultura.
O barco reformado custou cerca de R$ 40 mil e é para uso exclusivo em serviço. Nele podem dormir até seis pessoas. Há gerador de energia, geladeira a gás, banheiro com chuveiro, água tratada, caixa d’água e cozinha, além de vigilância constante.
“Nós fizemos um orçamento para montar uma base flutuante no local. Mas com apenas três cômodos, ela custaria R$ 60 mil. A vantagem do barco é que ele é uma base móvel e pode ser usado inclusive na despesca”, explicou o pesquisador da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A despesca é a retirada dos peixes dos tanques-rede. Ela deve ocorrer antes do fenômeno natural conhecido como decoada, quando há mortandade de peixes devido a alterações nas características da água, como falta de oxigênio e elevação de gás carbônico. Neste ano, os peixes foram retirados em março.
Uma vez por mês, Flávio e os participantes do curso fazem a biometria dos peixes, que é a pesagem para poder calcular a quantidade ideal de ração a ser servida. Nesta sexta-feira, dia 3 de dezembro, as estagiárias Michele Ravanelli, da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária e Animal), e Kelly Rondon, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) aprenderam a medir o PH e o nível de oxigênio da água, bem como a transparência.
Michele disse que é muito importante participar desse treinamento porque a Iagro trabalha com a fiscalização da produção animal. “Para fiscalizar, temos que saber como funciona”, explicou.
O pescador profissional Lúcio Mauro Vilagra de Almeida tem acompanhado as ações do pesquisador e está aprendendo a calcular a quantidade de ração para cada fase da criação.
Ana Maio
Jornalista – Mtb 21.928
Área de Comunicação e Negócios-ACN
Embrapa Pantanal
Corumbá (MS)