O consumo de pescado fluminense, até 23 quilos por habitante por ano, é o segundo maior do Brasil, depois da Região Norte, superando inclusive o total recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que oscila entre 12 a 13 quilos per capita anuais.
Apesar disso, o estado do Rio apresenta uma produção reduzida. Em contrapartida, o Rio de Janeiro é o maior distribuidor de pescado do país, movimentando em torno de 120 mil toneladas/ano. O produto, porém, é procedente, em sua maioria, de outros estados, como Pará, Espírito Santo e Santa Catarina.
O superintendente do Ministério da Pesca e Aquicultura no Rio de Janeiro, Jayme Tavares, disse à Agência Brasil que não há como mensurar a produção fluminense, porque boa parte do pescado é clandestina. O problema, destacou ele, será resolvido quando o estado tiver um terminal pesqueiro.
Os problemas e os desafios do setor pesqueiro e aquícola fluminense serão debatidos no próximo dia 7, com a presença do ministro da Pesca e da Aquicultura, Altemir Gregolin, durante a 3ª Conferência Estadual de Aquicultura e Pesca.
O evento é preparatório à 3ª Conferência Nacional, convocada em janeiro deste ano por decreto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A conferência ocorrerá entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro, em Brasília.
O superintendente do ministério no Rio de Janeiro disse que serão relatadas no evento as ações desenvolvidas e em andamento no estado. Entre elas, as obras dos terminais pesqueiros do Rio de Janeiro, de Niterói, de Angra dos Reis e de Paraty, o projeto de introdução do peixe na merenda escolar, os parques aquícolas e o desenvolvimento da maricultura.
“Este ano, a gente vai trabalhar pela consolidação de uma política estadual para o desenvolvimento da pesca e da aquicultura. Ao mesmo tempo, a gente vai tentar começar a forjar o início da cadeia produtiva da pesca”, disse Tavares.
Esse processo, segundo ele, já ocorreu em relação ao frango e à carne bovina. “Além da questão da política de estado, a idéia é criar uma organicidade social muito superior ao que se tem hoje. Um passo a ser dado na conferência seria a perspectiva de formação da cadeia produtiva do peixe”, salientou Tavares.
Para atingir esse objetivo, assinalou o superintendente do mnistério no Rio, terão de ser realizadas muitas ações, porque o setor pesqueiro e aquícola nacional está há décadas sem uma diretriz. “Ele ficou muito parado no tempo. O Brasil não investiu, do ponto de vista estratégico, nesse setor da economia. Então, npegamos tudo sucateado”. Segundo ele, não foi encontrada nenhuma estrutura pública de armazenamento, comercialização e distribuição, mas apenas alguns terminais privados.
Ele revelou que a pedra fundamental do terminal pesqueiro do Rio de Janeiro, na Ilha do Governador, será lançada ainda este ano pelo presidente Lula, com previsão de conclusão até 2011. As obras representam investimentos de cerca de R$ 100 milhões.
Apesar de ter uma costa marítima de 8,5 mil quilômetros de extensão e de possuir mais de 10% da água doce superficial do mundo, o Brasil tem um consumo de peixe de apenas sete quilos por pessoa/ano, bem abaixo do que é recomendado pela ONU. “Existe ainda um atraso, tanto do ponto de vista do investimento na produção, quanto de desenvolvimento, para colocar o peixe no cardápio nacional. A gente vem avançando, vem melhorando e aumentando a produção, botando mais peixe na mesa. Só que essa evolução é muito gradual até chegar no nível desejável. É uma batalha por dia”, disse Tavares.
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil