Uma comitiva com seis mexicanos esteve nesta quarta-feira, 28 de outubro, na Embrapa Pantanal, em busca de informações para um problema sério para a economia do país: a invasão de cascudos. O peixe está causando prejuízos econômicos e sociais, pois compete com a pescaria tradicional.
O grupo veio ao Brasil especialmente para visitar a Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, depois de saber que a empresa estava pesquisando produtos tipo caviar de cascudo. A visita foi intermediada pelo Ministério da Aquicultura e Pesca.
A comitiva foi recebida pelo pesquisador Jorge Antonio Ferreira de Lara, da área de Produtos de Origem Animal. Além de falar sobre o processo produtivo do caviar, ele apresentou outra possibilidade de processamento: a farinha de cascudo.
Segundo Jorge, a produção dos dois alimentos em escala pode contribuir para o controle da população de cascudos no México. Para se ter uma ideia, nas pesquisas a Embrapa utilizou cerca de 300 fêmeas de cascudo para produzir 12 potes de 30 gramas de produto tipo caviar. A expectativa de mercado é que cada pote com esta quantidade processada possa ser comercializado por até US$ 70. “Mas essa estimativa vale pelo fato do produto estar associado ao Pantanal brasileiro, que tem um apelo ambiental e social muito forte”, explicou.
No Mato Grosso do Sul, o cascudo é pouco explorado comercialmente. Pescadores preferem espécies como o pintado, o pacu e o dourado. O mercado de filés é restrito e interessa apenas a restaurantes especializados. Já a farinha do peixe tem potencial para ser utilizada na merenda escolar se houver interesse do setor produtivo e do poder público.
Pablo Lopez Dominguez, gestor do projeto que pretende gerar aproveitamento comercial para o controle do cascudo no México, disse que o objetivo é firmar um convênio de cooperação técnica com a Embrapa para a transferência de tecnologias. “Queremos criar um programa estatal de controle do cascudo no Estado de Chiapas e depois estender para todo o país”, afirmou.
A comitiva tinha membros dos Estados de Chiapas, Tabasco e Jalisco. Eram representantes do governo federal (Subdelegacia de Pesca), de produtores, da Fundação Produce (que faz o vínculo entre as necessidades dos produtores e a pesquisa), além do presidente do Comitê Estatal de Sanidade Aquícola de Tabasco, o pesquisador Eduardo Alfredo Mendoza Quintero Marmol.
Depois de acompanhar apresentações de Jorge Lara e da bolsista Ádina Botazzo Delbem sobre os alimentos, Pablo disse que será possível adotar tecnologia semelhante no México. “Temos toneladas de cascudos que ainda não são aproveitadas. São três espécies já confirmadas e cinco que podem ser híbridos ou outras espécies. Ainda não sabemos”, afirmou o pesquisador Eduardo.
A maioria dos cascudos do México tem o mesmo tamanho dos encontrados no Pantanal, em torno de um quilo ou um quilo e meio. Mas eles também têm espécies maiores, que chegam a pesar entre 4 e 5 quilos.
À tarde, a comitiva foi à bifurcação do rio Paraguai, chamada de Bracinho, conhecer o projeto de produção de peixes em tanques-rede, implementado pelo pesquisador Flávio Lima Nascimento. De Corumbá, o grupo partiu para Campo Grande e Brasília.
Fonte:
Ana Maio
Jornalista – Mtb 21.928
Área de Comunicação e Negócios-ACN
Embrapa Pantanal
Corumbá (MS)
Foto: Ana Maio
Legenda: Comitiva do México visitou a Embrapa Pantanal