Em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA, a Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ vem desenvolvendo a primeira Etapa da Rede Nacional de Identificação Molecular de Pescado – RENIMP. O objetivo principal da rede é o desenvolvimento de pesquisas para a identificação molecular do pescado comercializado no Brasil.
A partir da técnica de identificação molecular é possível afirmar se um fragmento de tecido pertence ou não a uma determinada espécie, através do reconhecimento de seu material genético com o uso de marcadores moleculares. Sendo assim, a identificação dos produtos pesqueiros, por meio desses marcadores, permite garantir a qualidade, a autenticidade e a correta denominação para a venda de produtos pesqueiros ao consumidor, além de permitir o controle da pesca ilegal.
Dessa forma a identificação molecular, baseada no seqüenciamento de DNA, facilitará a constatação para casos específicos de fraude conhecida, além de oferecer formação para técnicos do Governo no uso da metodologia desenvolvida.
A RENIMP, em sua primeira etapa – atualmente em execução – visa desenvolver e validar marcadores moleculares para a identificação de espécies marinhas e estuarinas de peixes, crustáceos e moluscos de importância comercial no Brasil. Para tanto, foram investidos R$ 800 mil oriundos do Governo Federal. Já a segunda etapa, visa à implantação da rede em si, com workshops de formação, instalação de Laboratórios em Instituições de Pesquisa e busca de parcerias com a indústria pesqueira de todo o Brasil.
Estão sendo catalogadas cerca de 160 espécies, que representam em torno de 95% do quantitativo de espécies da pesca brasileira. A partir desta catalogação será construída a Biblioteca Nacional de Pescado que poderá ser acessada on-line de qualquer parte do mundo.
O coordenador do projeto e professor da UFRJ, Antonio Solé-Cava, prevê que a biblioteca fique pronta dentro de seis meses, e conta que posteriormente pretendem regionalizar o conhecimento com a criação de seis pólos de transferência de tecnologia e um de seqüenciamento de DNA, que ficará no Rio de Janeiro.
Solé afirma ainda, que o trabalho de identificação das espécies poderá auxiliar em vários pontos, desde a comercialização até a preservação ambiental. “Os consumidores deixarão de pagar mais caro por pescados de qualidade inferior; os ambientalistas poderão evitar que espécies ameaçadas de extinção sejam pescadas e comercializadas ilegalmente; os biólogos pesqueiros validarão a identificação do pescado para estatísticas da pesca; a indústria pesqueira agregará valor ao pescado ao permitir a certificação de origem para a exportação; os importadores poderão controlar a qualidade do material importado e a rede de comercialização, que poderá evitar a concorrência desleal”, conclui.
Todo esse trabalho de controle e certificação já é feito pela RENIMP, desde que a mesma seja solicitada. Já houve análise de alguns produtos entre eles o bacalhau e o atum em lata, alimentos consumidos com freqüência pelos brasileiros e propícios a fraudes.
MPA