Saiba mais sobre a pesca esportiva: prazer e diversão sem afetar o ecossistema
Não se sabe ao certo quando o homem começou a pescar. Criada como meio de sobrevivência para obter alimentos, a pesca esteve presente desde os primórdios da atividade humana não só como um simples modo de conseguir comida, mas também como elemento cultural e artístico das sociedades. Mais recentemente uma modalidade da pesca tem se popularizado cada vez mais. Trata-se da pesca esportiva, uma evolução natural da pesca tradicional com varas.
Ecologicamente correta, uma das atividades que mais têm crescido é a de “pesque-e-solte” que, como o próprio nome diz, consiste em capturar o peixe e posteriormente soltá-lo em seu habitat. Os pescadores o fazem pelo prazer da captura do peixe e, principalmente, pela briga que ele proporciona. Esse duelo é tão fascinante que foi parar nas páginas de escritores notáveis. Talvez a passagem mais famosa da literatura desse tipo de embate entre um peixe e um pescador tenha sido a descrita por Ernest Hemingway em seu livro “O Velho e o Mar”, em que um sujeito, após ficar quase três meses sem fisgar nada, sai sozinho para o mar para provar que continua sendo um bom pescador.
O livro de Hemingway descreve como poucos o monólogo interior que muitas vezes os pescadores travam quando estão em atividade. E isso é mais um dos motivos para a popularização do esporte. A pesca proporciona às pessoas momentos de introspecção e de reflexão, além de ser um ótimo antídoto para quem deseja se livrar das tensões do dia-a-dia.
Os praticantes da pesca esportiva estão cada vez mais conscientes de suas responsabilidades na conservação do ambiente, pois trata-se do local onde buscam seus momentos de lazer. Os praticantes buscam apenas a emoção da captura dos peixes brigões, sem que necessariamente seja preciso matá-los, ainda que para consumo.
Para registrar seus feitos os aficionados da pesca se valem de boas câmeras fotográficas e balanças. Após o registro, os peixes são devolvidos para a água. Para que eles tenham maior probabilidade de sobrevivência, é preciso ter alguns cuidados na captura e no manuseio. Para os abnegados do esporte devolver um peixe sem condições de permanecer vivo soa como uma heresia, pois é de interesse comum a manutenção das espécies em seu habitat natural, pois sem elas a pesca não seria possível. O ato de devolver os peixes à água possibilita o desenvolvimento do cardume, dando condições para que se procriem.
O brasileiro Cláudio Ueda, por exemplo, diz que um dos tipos de pesca que não se encaixa no seu perfil é a caça submarina, realizada por mergulho, “pois não se pode praticar justamente a soltura do peixe devido ao arpoamento e conseqüentes danos ao mesmo”. “Sou amante de pesca, mas da esportiva, com iscas artificiais e a prática do pesque-e-solte!”, diz com orgulho.
Prós e contras
O ecoturismo é um dos setores que mais cresce no mundo, com uma taxa de 20% ao ano, segundo alguns sites especializados. Dentro dele, o segmento da pesca esportiva é um dos mais promissores, com taxas de expansão em torno de 57% nos últimos dez anos e movimentando US$3,5 milhões anuais. Somente no site de relacionamentos Orkut é possível verificar a existência de mais de 70 comunidades dedicadas ao assunto “pesca esportiva”, sendo que desses, apenas uma é contra, com mais de 60 participantes. A criadora da comunidade “Contra a pesca esportiva”, Cibele Carvalho, diz que essa prática é revoltante. “Manda esses caras enfiarem um anzol na boca deles pra ver se eles gostam”. Indiferente a toda essa polêmica, a comunidade brasileira no Japão possui grande número de pessoas que realizam a pesca esportiva. Existem mais de 100 brasileiros que moram por aqui e se autodeclaram amantes do esporte dentre os usuários do Orkut.