Não se sabe ainda qual o estado em que se encontram as várias populações da Garoupa Verdadeira, mas um dado é certo: há um forte declínio dessa espécie nos nossos mares. O que aconteceria se os estoques estivessem tão degradados que não se teria como recuperá-los apenas com regulações de pesca? Será que uma medida de emergência não seria necessária para a recuperação da espécie, evitando um desequilíbrio em seu ecossistema? Nesse momento que entra a pesquisa de reposição do estoque da garoupa, do Projeto Garoupa que é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Socioambiental. A atividade de produção de garoupas em cativeiro, para possíveis medidas de emergência, no tocante a reposição e recuperação da espécie em nosso litoral, já é possível, e mais: em pequena escala já está sendo realizada. Essa atividade culmina em dois componentes, a soltura de larvas e alevinos e a telemetria de juvenis.
A soltura de larvas e alevinos está sendo feita em áreas onde a garoupa ocorre naturalmente. Através de parceiro do projeto na Ilhabela, com reprodução da espécie-alvo para a produção de larvas, alevinos e juvenis, o Projeto Garoupa obtém formas jovens da espécie que servirão para a soltura destes. A reprodução, larvicultura e engorda da garoupa em cativeiro é uma atividade ainda não completamente dominada por país nenhum. “Com o experimento de soltura, o Projeto Garoupa está contribuindo para o desenvolvimento da aquicultura da garoupa e, com isso, permitindo que alternativas à pesca extrativa sejam implementadas na exploração dessa espécie tão procurada. Estamos, portanto, direta e indiretamente atuando na conservação da garoupa verdadeira com este componente do projeto.”, explica coordenador do projeto, Mauricio Roque da Mata.
Paralelamente à soltura de larvas e alevinos está sendo avaliado o comportamento de indivíduos juvenis produzidos em cativeiro soltos em ambiente natural. Para tal, estão sendo introduzidos transmissores nos indivíduos-teste com posterior soltura. Com este aparelho, pode-se avaliar o padrão de movimento de cada indivíduo continuamente durante vários dias. Essa avaliação dá uma estimativa do grau de adaptação de garoupas de cativeiro em ambiente natural.
O componente desse projeto de soltura de indivíduos da garoupa avaliará a efetividade de se usar atividades de aquicultura como ferramenta de conservação. Com os reprodutores provindos de ambiente natural, os efeitos genéticos negativos dessa proposta de preservação e recuperação de populações ameaçadas de extinção são diminuídos. Com a crescente pressão sobre os ambientes marinhos, muitas vezes é preciso tomar ações de caráter imediato para evitar consequências negativas e irreversíveis. O que se espera é que logo em breve não se precise usar essa ferramenta , mas, caso necessário, o Projeto Garoupa possui a metodologia mais correta e menos danosa de fazê-lo.
Ações & Resultados:
Telemetria – transmissores acústicos foram inseridos em 25 espécimes da Garoupa Verdadeira (Mycteroperca marginata), que, com o apoio do ICMBio, esses indivíduos foram soltos na área de domíno da ESEC Tamoios – Unidade de Conservação Federal de proteção integral, em Angra dos Reis, ambiente natural da garoupa.
A espécie solta está sendo monitorada pelos pesquisadores do Projeto Garoupa que analisam padrões de movimento e taxa de mortalidade. O acompanhamento do comportamento dessa espécie foi iniciado em maio e os dados serão coletados a cada mês subsequente.
Até o momento, os resultados parciais indicam uma adaptação plena ao habitat natural de juvenis da garoupa de cativeiro e um padrão de movimento similar ao conhecido de espécimes produzidas na natureza. “Esses são resultados promissores, que foram possíveis por meio do patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental. Estes resultados iniciais indicam ser a nossa ferramenta de recuperação de populações uma alternativa viável para a preservação da espécie.” – Conclui Mauricio da Mata, coordenador geral do Projeto.
Assessoria de Imprensa – Fazemos Comunicação