Das 21 espécies de tubarões identificadas no Atlântico cerca de três quartos são consideradas em risco de extinção
Quase 1,3 milhões de tubarões, incluindo espécies ameaçadas, foram capturados em 2008 no oceano Atlântico por navios de pesca industrial que ignoram os limites impostos às capturas, anunciou ontem a organização não-governamental (ONG) Oceana. Segundo a agência Lusa, a ONG adianta, num relatório publicado à margem de uma reunião da Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (CICTA), que os números verdadeiros da captura de tubarões poderão ser bastante mais elevados devido à existência de grandes lacunas na publicação de dados sobre este tipo de pesca.
As atribuições da CICTA abrangem os tubarões porque os principais predadores marinhos são uma “captura acidental” frequente pelos navios que pescam atum. Os 48 membros da CICTA, que se encontram reunidos em Paris até sábado, têm em agenda a adopção de medidas, incluindo a imposição de quotas e restrições, para garantir que a pesca comercial no Atlântico é feita de modo a garantir a sustentabilidade de stocks.
Apesar de a reunião da CICTA dizer respeito sobretudo à protecção do atum rabilho, a mais valiosa espécie de atum, ONG dedicadas à proteção ambiental, como a Oceana, que se apoiam em dados de biólogos, alertam a organização para o facto de várias espécies de tubarões, igualmente de elevado valor comercial, enfrentarem problemas de conservação mais graves que os do atum.
Das 21 espécies de tubarões identificadas no Atlântico cerca de três quartos são consideradas em risco de extinção. Nos termos da Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, as espécies migratórias de tubarões devem ser sujeitas a gestão em instâncias internacionais. A maioria dos tubarões são capturados comercialmente apenas para alimentarem o mercado asiático de barbatanas de tubarão – consideradas uma iguaria.
Após a captura, as barbatanas são removidas e, na maior parte dos casos, os tubarões ainda vivos, mas mutilados e sem capacidade de nadar são lançados de volta ao mar, numa prática que é proibida, mas que é raramente punida.