Com a drástica seca dos rios do Amazonas, os Peixes-bois tornaram-se vítimas fáceis para a captura e comércio ilegais
O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) apreendeu dez quilos de carne de Peixe-boi, um quelônio pequeno, 133 ovos de tartaruga e diversos apetrechos proibidos de pesca e caça durante operação de fiscalização realizada na quarta (26) e quinta-feira (27), nas comunidades Jacu, Taperebatuba e Igarapé-Açu, localizadas no município de Silves (distante a 203 quilômetros de Manaus).
A fiscalização foi solicitada pelo Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc) da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável (SDS) para apurar a morte de Peixes-bois em comunidades do Município, conforme denúncias formalizadas por moradores que atuam como agentes ambientais voluntários da Associação de Silves para a Preservação Ambiental e Cultural (ASPAC).
Com a drástica seca dos rios do Amazonas, os Peixes-bois tornaram-se vítimas fáceis para a captura e comércio ilegais.A equipe de fiscalização era formada por três fiscais e um agente de inteligência do Ipaam, um delegado da Cidade e dois agentes ambientais voluntários. Por estrada, rio (até onde era possível chegar de canoa) ou enfrentando caminhadas de até cinco quilômetros, a equipe constatou a presença de barcos parados que aguardavam a vinda das canoas com os peixes-bois.
Nas abordagens das canoas e barcos encontrados pelo caminho percorrido, a equipe aprendeu diversos apetrechos de pesca proibidos (três espinhéis, cinco hastes e dois arpões), duas canoas usadas para a pesca e caça ilegais, mais dez quilos de carne de peixe-boi, 133 ovos de tartaruga e um quelônio pequeno. Nos dois dias de fiscalização, os fiscais emitiram três notificações e um auto de infração.
Segundo os fiscais, o esforço para chegar aos infratores era muito grande pelas condições adversas provocadas pela baixa das águas. Eles afirmam que as apreensões poderiam ser em maior quantidade, não fossem essas limitações. Segundo os agentes ambientais voluntários da Aspac, de 4 a 9 animais estão sendo mortos diariamente.
O quelônio foi solto nas águas do Lago Miritu. A carne de Peixe-boi apreendida foi doada para a comunidade São João, localizada no Km 48 da Estrada de Silves, por ser uma comunidade fora do raio de ação de onde vem ocorrendo as matanças da espécie.
Peixe-boi morto é doado ao Inpa
O encontro de um indivíduo de peixe-boi morto com o uso de arpão pelos agentes ambientais voluntários da Aspac foi o fato que motivou a denúncia de captura e matança destes animais para o Centro de Unidades de Conservação (Ceuc) e para o Ipaam. O animal foi conservado no flutuante da Associação até a chegada dos fiscais.
O exemplar morto do Peixe-boi foi trazido para Manaus e, pela intermediação do CEUC, foi doado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e na noite de quarta-feira (27) entregue ao pesquisador Anselmo D’Affonseca para estudos.
O Peixe-boi amazônico é típico das bacias dos rios Amazonas e Orinoco, atinge 2,5 metros e pesa até 300 quilos. A caça indiscriminada fez do peixe-boi o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. Além da caça deliberada, outros fatores de extinção são a morte acidental em redes de pesca, o encalhe de filhotes órfãos e a degradação ambiental. No Brasil, o peixe-boi é protegido por lei desde 1967 – Lei de Proteção à Fauna, No. 5197.
Portal Amazônia