Habitada por pescadores, a ilha Coroa Comprida, no litoral do Pará, está sendo engolida pelo oceano Atlântico. A prefeitura decretou situação de emergência no local.
A duas horas de barco do centro de Augusto Corrêa (240 km de Belém), a ilha de areia já foi habitada por mais de 300 famílias. Hoje, restam apenas 25 famílias vivendo na área.
A prefeitura afirma que a única solução é a retirada total dos habitantes que permanecem na ilha, já que o avanço da água está destruindo toda a estrutura do lugar.
O processo natural, que ocorre há pelo menos 30 anos, se intensificou nos últimos três, segundo os pescadores. Dos quase 700 metros de largura que a faixa de areia da ilha já teve, agora restam apenas cerca de 20 metros em alguns pontos.
A escola e o posto de saúde já tiveram de ser mudados três vezes de lugar por causa do avanço do mar. Na semana passada, mais uma família de pescadores deixou a ilha. Apenas um poço ainda fornece água potável – outros cinco foram inutilizados pela maré salgada.
Para Nils Edvin Asp Neto, professor de geologia marinha e costeira da Universidade Federal do Pará, o fenômeno que atinge Coroa Comprida é natural. “Por causa do movimento das marés, ilhas antigas sempre estão desaparecendo e novas, se formando, com a areia que é movimentada“, afirma.
Para o pescador José Lucas Lopes, a saída é abandonar o local. “Do jeito que [a ilha] está, vai acabar logo. As pessoas estão com medo de sair para pescar e depois encontrarem a casa engolida pelo mar.”
Segundo o pescador, a comunidade espera a doação de uma área em outra região pela prefeitura para a mudança.
O vice-prefeito José Guarany Medeiros (PTB) diz que o município providencia a aquisição de um terreno para instalar os pescadores, mas não aponta prazos para a medida.
da Agência Folha