A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que não tem “qualquer responsabilidade” na instalação de um projeto de criação de peixes em Brasília, assinado entre o Ministério da Pesca e a ONG Pró-Natureza.
No Núcleo Rural Rajadinha, onde deveria estar o projeto de criação de tilápias, crescem mandiocas. A ONG pertence a Salviano Borges, funcionário comissionado do governo de Agnelo Queiroz (PT-DF).
Na quinta-feira o Estado mostrou que, durante a gestão de Ideli no Ministério da Pesca, a pasta liberou de uma só vez R$ 769,9 mil para a organização não governamental. O projeto nunca foi concretizado. “Considero esse assunto, sob o ponto de vista de atingir a minha imagem, sem qualquer responsabilidade da minha parte”, disse Ideli.
“Nos cinco meses que eu permaneci à frente do Ministério da Pesca, não realizei, não assinei nenhum contrato, convênio novo. Eu única e exclusivamente executei o que estava já contratado, conveniado, aquilo que estava em andamento, dentro do rigor da lei, cumprindo as obrigações de honrar os contratos que estavam em vigor, sobre os quais não pairavam indícios de irregularidade”, disse a ministra. Questionada se a responsabilidade não seria de seus antecessores, Ideli respondeu: “Se houver irregularidade, obviamente quem é responsável pela irregularidade que pague.”
Doação. O Estado revelou que o Ministério da Pesca comprou 28 lanchas-patrulha por mais de R$ 1 milhão cada que nunca entraram em operação. Segundo o Tribunal de Contas da União, uma parcela de R$ 5,2 milhões foi paga durante a gestão Ideli na pasta.
Para o TCU, há suspeita de que a licitação tenha sido dirigida para beneficiar a empresa Intech Boating, que, após ser contratada para fornecer as lanchas, doou ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina R$ 150 mil. O comitê bancou 81% dos custos da campanha a governador, cuja candidata foi Ideli, em 2010. Sucessor de Ideli na Pesca, o deputado petista Luiz Sérgio classificou de “malfeito” a ação da pasta.
O pedido de doação partiu do ex-secretário de Planejamento da pasta, Karim Bacha. O ex-ministro da Pesca Altemir Gregolin (PT-SC) disse que não teve conhecimento do contato de Bacha, que trabalhou na pasta em sua gestão, com a Intech Boating.