São exemplares de carapeba, biquara e salema, principalmente, que são encontrados boiando à sorte das marés.
A causa das mortes ainda não foi detectada. Existe a suspeita de que atividades da Petrobrás em alto-mar ou ainda a produção industrial de sal estejam provocando o problema.
Há um mês, uma novidade tem intrigado os pescadores de Icapuí, no Litoral Leste. Em pequenos ou grandes grupos, peixes estão aparecendo mortos na beira da praia. A causa da mortandade ainda é desconhecida.
O pescador Sérgio da Cruz, 36, conta que no feriado de São José, 19 de março, encontrou mais de 50 peixes mortos na praia de Picos, onde mora. Segundo ele, o fenômeno também tem sido visto na praia vizinha Barreira e tem preocupado os pescadores do município.
“Alguma coisa está atingindo (os peixes). Nasci e me criei aqui e nunca tinha visto isso”, detalha Sérgio. São exemplares de carapeba, biquara e salema, principalmente, que são encontrados boiando à sorte das marés.
Na tarde do último dia 26 de março, O POVO desceu o íngreme caminho das falésias e caminhou por cerca de uma hora na praia de Picos. Em um trecho de 500 metros, aproximadamente, foram encontrados seis peixes mortos em pontos distintos da praia.
Sérgio explica que os peixes são separados por ação das marés. “Eles só encalham na costa depois que estoura o fel”, detalha ele, em referência à vesícula biliar dos peixes.
O pescador arrisca duas teorias para a mortandade do pescado. De acordo com ele, as mortes estariam relacionadas ou a atividades de explosões em alto-mar, feitas pela Petrobras, ou à contaminação das águas pela atividade de salinas. “De oito em oito dias eles embarcam para fazer explosões (em alto mar)”, garante Sérgio. Sobre as salinas, ele diz que as correntes de água doce que escorrem da produção de sal podem alterar a composição da água do mar, afetando os peixes.
Visita de técnico
A Petrobras realiza exploração de petróleo em terra, no campo da Fazenda Belém, em Icapuí. Questionada sobre o problema da morte de peixes e sobre atividades em alto mar, a Petrobras informou apenas, por meio da assessoria de imprensa, que “não está realizando nenhuma atividade de exploração e produção na região no momento”.
O secretário de meio ambiente de Icapuí, Mauro Marciel, disse ao O POVO que o problema da morte de peixes foi comunicado à Prefeitura por pescadores. Segundo relatos, os peixes estão sendo mortos em vários pontos, da praia de Picos até a divisa com o Rio Grande do Norte.
De acordo com Marciel, o caso foi comunicado à ONG Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), que solicitou a visita de um técnico da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) para verificar a situação. Segundo o secretário, a visita está sendo esperada para esta semana.
“Esperamos que eles coletem amostra da água e, depois da análise, informem à secretaria para agir de forma adequada”, aponta Marciel. Ele diz ainda que, além das hipóteses sobre as explosões em alto mar e das salinas, também está em estudo um possível rompimento de uma barragem de criação de camarões. “Ainda vamos verificar isso in loco”, detalha o secretário.
ENTENDA A NOTÍCIA
Pescadores têm encontrado constantemente peixes mortos em diversas praias de Icapuí, no Litoral Leste do Ceará. O problema foi comunicado à Prefeitura da cidade. As causas das mortes ainda são desconhecidas.
Serviço
Secretaria de Meio Ambiente de Icapuí
Onde: Rua Teotônio Alcântara (vizinho à Funerária São Pedro)
Telefone: (88) 3432 1145
Horário de funcionamento: das 7h às 13 horas