Governo boliviano questiona impactos ambientais Equipes técnicas da Bolívia e do Brasil se reunirão no final do mês para analisar as possíveis conseqüências ambientais do projeto de construção de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira, segundo o governo boliviano.
Na semana passada, o Brasil anunciou que levará adiante as obras das usinas, que terão capacidade para 6.450 megawatts (MW), apesar das preocupações manifestadas pelo governo de Evo Morales. O chanceler boliviano, David Choquehuanca, declarou à agência estatal de notícias ABI que na próxima reunião o Brasil apresentará o estudo que serviu de base para a recente concessão da licença ambiental para as obras. “Está em processo uma reunião técnica. Antes do fim do mês haverá este encontro e o Brasil entregará toda a informação que solicitamos“, disse Choquehuanca, sem explicar onde ocorrerá o encontro.
As represas no lado brasileiro do rio Madeira inundariam cerca de 529 km2, mas La Paz diz que os efeitos sobre fauna, flora e hidrografia serão sentidos na Amazônia boliviana.
Em carta ao chanceler brasileiro, Celso Amorim, Choquehuanca disse que a Bolívia está incomodada pelo fato de o Brasil autorizar as obras “antes de terem sido realizadas as análises dos impactos ambientais, sociais e econômicos, considerandos os afluentes do rio Madeira que se encontram em território boliviano“.
O Madeira, afluente do Amazonas, recebe quase todas as águas da metade norte da Bolívia e é considerado uma via essencial no acesso dos Andes ao Atlântico. As represas de Jirau e Santo Antônio ficariam a respectivamente 84 e 190 quilômetros da fronteira, segundo a imprensa boliviana.
Na avaliação do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, a chancelaria boliviana está dando um tratamento nada diplomático ao assunto. O Itamaraty considerou estranho, por exemplo, que uma carta entre chanceleres tenha sido divulgada com estardalhaço antes de chegar ao destinatário e ser respondida. (Amazônia.org)