A região do pantanal do Nabileque, já no município de Porto Murtinho, se constitui ainda como uma área preservada, com potencial de Unidade de Conservação
A equipe de técnicos do Ibama de Mato Grosso do Sul que realiza uma expedição ao longo do rio Paraguai, de Corumbá a Porto Murtinho (sudoeste do estado), flagrou bancos de areia e queda de barrancos no trecho navegado.
O barco do Ibama, uma lancha de 19 pés, encalhou em dois pontos do percurso, e a equipe flagrou outras embarcações com o mesmo problema nas proximidades de Porto Murtinho.
Foram percorridos cerca de 410 km do rio, em alguns trechos, em águas internacionais nas fronteiras com a Bolívia, ao norte, e o Paraguai, mais ao sul.
“Agora não é mais só o Taquari que está assoreado” diz David Lourenço, superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, um dos integrantes da equipe de analistas do órgão que percorreram em dois dias esse longo trecho do rio.
Além do assoreamento do leito do rio Paraguai, que provocou dois encalhes da embarcação do Ibama, todo o trecho entre esses dois pontos apresenta problemas de quedas de barrancos e desmatamentos que atingem matas de carandás, palmeiras típicas dessa região.
A pressão dos desmatamentos das cabeceiras dos rios que formam a bacia do Paraguai está comprometendo seriamente a navegabilidade do rio em toda sua extensão num período já crítico de seca na bacia, afirma Lourenço.
“Toda a hidrovia já apresenta problemas”, diz ele. “A movimentação intensa de chatas e comboios de rebocadores provoca muita marola forte, que está atingindo as margens do rio e provocando quedas de barrancos”, conta.
Outro motivo de preocupação para o Ibama é que os seis vilarejos existentes, todos do lado Paraguaio, localizados ao longo do trecho navegado, colocam uma pressão indireta nos recursos pesqueiros dessa região, tornando claro que as denúncias de pesca predatória possam, de fato, estar ocorrendo nesses trechos da fronteira brasileira.
O embarque e desembarque de minérios em Porto Esperança, por exemplo, causa preocupação aos técnicos do Ibama, que constataram movimentação de estoques de minério sem tratamento ambiental adequado. “Há movimentação de minério provocando poeira nos vilarejos, afetando a qualidade do ar das populações residentes nessas áreas”, afirma David.
A região do pantanal do Nabileque, já no município de Porto Murtinho, se constitui ainda como uma área preservada, com potencial de Unidade de Conservação, em especial, por causa da morraria existente no local denominado Feixe de Morros e das baías cheias de tuiuiús.
“Vamos fazer gestões no Ministério do Meio Ambiente no sentido de se criar uma unidade nessa região. O que constatamos em todo esse percurso é um vazio, a ausência de fiscalização do governo brasileiro. O que vemos aqui é a necessidade de uma fiscalização de faixa de fronteira mais forte por parte dos brasileiros. Para isso, vamos buscar parcerias com o Exército, a Polícia Federal, a PMA e com autoridades diplomáticas do Itamarati, em Brasília, para que possamos atuar de maneira mais intensa em toda essa região”, conclui o superintendente.
Ascom Ibama/MS