FLORIANÓPOLIS- O ex-ministro da Pesca Altemir Gregolin (PT-SC) afirmou nesta quarta-feira, 4, ao Estado que não teve conhecimento do contato de Karim Bacha, na época secretário de Planejamento da pasta, com o empresário José Antônio Galízio Neto, dono da Intech Boating, para pedir doação ao PT catarinense. A empresa recebeu R$ 31 milhões da pasta para aquisição de lanchas-patrulha. Segundo Gregolin, havia uma regra permitindo o trabalho na campanha só fora do expediente. Ele defendeu a compra das lanchas e evitou comentar a crítica do correligionário e sucessor, Luiz Sérgio, para quem a doação ao PT foi um “malfeito”.
Como o sr. vê denúncias envolvendo a pasta em sua gestão?
O ministério tem a competência para atuar na fiscalização (da pesca ilegal), como já explicamos. Essa fiscalização era e é uma necessidade, inclusive por acordos internacionais. A licitação seguiu todos os requisitos legais. Não houve superfaturamento ou direcionamento.
O sr. sabia que Karim Bacha pediu doação ao PT?
Não. Ele era secretário do ministério, mas eu não tinha a informação. Nunca pedi doação e nunca autorizei ninguém nem ele a solicitar doação de campanha. Ele é militante político e nas horas vagas e no finais de semana pode desempenhar as funções relacionadas ao partido e, para isso, não precisa dar satisfação ao ministério. Não teve de parte minha ou do ministério ação nesse sentido.
Ele deveria ter pedido licença para atuar na campanha?
Em horário de trabalho tenho certeza de que ele não atuou. Uma coisa é a contratação da empresa, outra coisa, que não compete a mim, é a questão de articulação de contribuição de campanha. São coisas bem diferentes. A mim, como ministro, compete garantir lisura nos processos de licitação. E nós garantimos. Se o partido procura a empresa para contribuição, não compete a mim responder. Não teve malfeito, não teve vinculação em contratação da empresa e contribuição de campanha.
Por que houve tanta demora para as lanchas operarem?
O programa foi concebido em parceria com outros órgãos, como Marinha, que tem poder de fiscalização, o Instituto Chico Mendes, as polícias ambientais e a PF. São esses os órgãos que receberam os equipamentos, porque o ministério não tinha pessoal concursado para desenvolver a fiscalização. Houve um descompasso entre a produção dos equipamentos e as assinaturas dos convênios.
Daniel Cardoso, especial para O Estado de S. Paulo
Estadão.com.br