A operação Piracema – Rio Paraguai, realizada pelo Ibama, em parceria com a Estação Ecológica Taiamã – ICMBio, no pantanal matogrossense, região sul do estado de Mato Grosso, foi encerrada esta semana, logrando êxito em fiscalizar um grande número de embarcações de turismo de pesca. Com o término da piracema, diversos grupos turísticos se dirigem ao pantanal, após quase quatro meses de proibição da pesca, buscando conseguir capturar algum grande exemplar.
É neste mesmo período, logo após a retomada da pesca legal, que diversos barcos turísticos sediados em municípios ribeirinhos como Cáceres/MT e Corumbá/MS recebem os primeiros pescadores oriundos das mais variadas regiões em busca de lazer e pescaria. Além do turismo náutico, vários hotéis de campo sediados às margens do Rio Paraguai retomam suas atividades, fazendo com que de uma semana para outra todo o Rio Paraguai esteja tomado por centenas de turistas em busca dos tão apreciados exemplares de pacu, pintado e outras espécies.
Devido a este aumento de pressão de pesca em curto período de tempo, é que anualmente o Ibama em Mato Grosso acompanha de perto a atividade. Neste ano não foi diferente. Desde o final do mês de fevereiro, equipes de fiscalização do órgão em Cáceres/MT e em Corumbá/MS estiveram no rio acompanhando, orientando e fiscalizando atentamente todas as embarcações.
A atividade de fiscalização teve início antes mesmo da abertura da pesca, ainda na piracema, onde equipes de fiscais percorreram diariamente o rio, desde a foz do Rio Sepotuba até a Estação Ecológica Taiamã, em Mato Grosso. Este ano a atividade exercida pelos agentes se deparou ainda com uma realidade diferente: a grande cheia do Rio Paraguai, onde o nível d´água extrapolou as margens, avançando por uma enorme área de campos vizinhos, num cenário que não se via por muitos anos. Segundo os ribeirinhos, desde a década de 90 o pantanal não vivia uma cheia tão intensa quanto a deste ano.
Em Cáceres-MT, o volume da cheia foi tão alto, que todos os 12 canais de vazantes do rio, que se estendem pela rodovia BR-070, se encontravam totalmente inundados. A previsão inicial é de que todo este espetáculo da natureza represente um grande período produtivo para as espécies, pois nos terrenos alagados é freqüente a disponibilidade de comida e abrigo seguro para a reprodução. Espera-se que nos meses finais de 2010 e no ano seguinte, seja possível observar um aumento no estoque pesqueiro como resultado da grande cheia deste ano.
A cheia veio ainda prejudicar a atividade de pesca profissional, uma vez que eram raríssimos os locais possíveis de acampamento. A ausência de locais secos e seguros para acampamento, fez aumentar também a procura por barcos hotéis pelos pescadores amadores.
Exemplo disto foi que os fiscais do Ibama, nos três primeiros dias de fiscalização pelo Paraguai, já tinham abordado mais de 60 embarcações, entre pequenas lanchas até grandes chalanas. Cabe salientar ainda o excelente trabalho desempenhado ao longo do final de 2009 e início de 2010 pelo corpo técnico da Estação Ecológica Taiamã-ICMBio, que realizou mais de 20 palestras, tendo como principal platéia o setor empresarial turístico de hotelaria, os comandantes de embarcações, as associações de pesca, colônias de pescadores e público em geral. Foram frisados aspectos como importância da conscientização do setor turístico, pesca legalizada, tamanhos de captura, locais proibidos, entre outros tópicos.
Todo o trabalho de educação ambiental prévia veio a repercutir enormemente para a atividade fiscalizatória, de modo que quase todos os turistas abordados, mesmo aqueles provenientes de estados vizinhos já se encontravam devidamente municiados de licença de pesca e tabela com as medidas permitidas para captura. De modo semelhante, a presença das equipes de fiscalização se mostrou eficaz, pois foi comum os grupos de turistas serem abordados diariamente pela fiscalização.
Já os grandes hotéis de pesca tinham suas câmaras frias vistoriadas, e observados o cumprimento do tamanho mínimo de captura dos exemplares. Nesta época do ano, no Rio Paraguai, o grande atrativo se deu pela pesca do Pacu (Piaractus mesopotamicus), peixe esportivo muito apreciado pelos turistas, o qual tem seu tamanho mínimo de captura em 45 cm, medidos entre o focinho e a extremidade caudal.
Infelizmente, os que não portavam a devida licença de pesca amadora ou profissional eram multados e tinham seus equipamentos e embarcações apreendidas pelo órgão. Os pescados capturados ilegalmente, fora dos padrões aplicáveis para a pesca, depois de apreendidos, foram doados ao Lar das Servas de Maria – Asilo dos Idosos, do município de Cáceres/MT.
Como resultado da atividade de fiscalização, foram realizadas apreensões de três embarcações, três motores de popa e aplicados três autos de infração por falta de licença ou pesca de exemplares fora do tamanho permitido.
Ascom Ibama/MT