Localizada em Campinas, a Guabi produz ração para peixes e tem sido uma importante parceira para o Aquabrasil
O workshop de avaliação do projeto Aquabrasil, realizado nos dias 1º e 2 de março em Corumbá (MS), levantou demandas do setor produtivo para a próxima etapa de pesquisas. Empresários parceiros do projeto estiveram presentes e falaram de suas dificuldades, que estudos do Aquabrasil podem ajudar a resolver.
João Manoel Alves, gerente de produtos para aquacultura da empresa Guabi, produtora de rações, disse que sente falta de pesquisas específicas sobre nutrição para a região Sudeste do país.
Localizada em Campinas, a Guabi produz ração para peixes e tem sido uma importante parceira para o Aquabrasil. “Não tenho como criticar, porque não tenho acompanhado efetivamente os resultados da pesquisa em nutrição desenvolvida em outras regiões do país.”
João Manoel afirmou, no entanto, que alguns resultados a que teve acesso estão muito voltados à busca de ingredientes alternativos para a produção de rações. “Não vejo muito futuro para isso. Creio que a pesquisa deve focar a abundância, a larga escala e a existência de ingredientes o ano todo. É preciso direcionar os investimentos e a massa crítica para o agronegócio”, afirmou.
Ele reconhece, porém, que a busca de ingredientes alternativos pode favorecer pequenos produtores, que utilizam a aquicultura para a subsistência.
O diretor geral da Delicious Fish, João Pedro da Silva, também manifestou sua confiança nos pesquisadores e disse que sente necessidade de melhorar a nutrição dos peixes. “Seria importante pesquisar fórmulas específicas por espécies, por tamanho, por idade e por época do ano”, afirmou.
A Delicious Fish pertence ao Grupo Gaspar e tem sede em Sorriso (MT). A empresa trabalha com toda a cadeia produtiva: desde a criação de peixes até a venda de pratos prontos em sistema de franquia.
“A piscicultura está começando a se desenvolver agora no país. Mas tudo o que fiz até agora, fiz sozinho. Confio muito no know how da Embrapa e estou acreditando muito nos resultados que este projeto vai trazer em relação ao melhoramento genético. É fantástica a união da Embrapa com as universidades.”
Jorge Barbosa, representante da Aquaporto, empresa instalada em Alfenas e Alterosa (MG), e que trabalha com melhoramento genético, disse que a busca da certificação é um passo importante para a piscicultura. Ele também sugeriu que pesquisadores criem e repassem um protocolo para que sejam anotadas todas as informações sobre cultivos que visem linhagens melhoradas.
Eduardo Ambrosio, da Aquatec, falou das demandas de pesquisa envolvendo o camarão. A empresa é um dos maiores laboratórios de produção de pós-larvas da espécie de camarão marinho L. vannamei no Brasil. A empresa fica no Rio Grande do Norte.
Para ele, pesquisas sobre o destino de resíduos dos viveiros de camarão marinho são relevantes. “Soube aqui, no workshop, que a Embrapa já tem algo neste sentido”, afirmou. Outra demanda, segundo Ambrosio, seria o uso de microsatélites para identificação de linhagens com marcadores genéticos. “Hoje nós marcamos animal por animal.”
Eduardo Ambrósio falou ainda da importância das pesquisas em sanidade. Para ele, identificar doenças em camarões é um passo essencial para o setor produtivo. “Acho que a construção do laboratório de diagnósticos de doenças em Parnaíba vai resolver isso.”
O projeto Aquabrasil – “Bases Tecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura no Brasil” começou em 2008 e está finalizando sua primeira etapa em setembro deste ano. Mas os pesquisadores envolvidos já planejam a continuidade do trabalho, que recebeu investimentos da Embrapa, do Ministério da Pesca e Aqüicultura e de outros financiadores. O workshop aconteceu na Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Ana Maio
Jornalista – Mtb 21.928
Área de Comunicação e Negócios-ACN
Embrapa Pantanal
Corumbá (MS)