O Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste Dourados, MS) foi inaugurado em 24 de março de 2006 e está inserido no Núcleo de Pesquisa em Aquicultura de Mato Grosso do Sul, Nupaq-MS.
Trabalhos relacionados à sanidade em organismos aquáticos encontram-se em desenvolvimento, podendo-se destacar atividades e planos de estágios de acadêmicos de pós-graduação e graduação dos cursos de Biologia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Agronomia e tecnólogos da área em Agropecuária. Entre as ações previstas do laboratório está um banco de dados sobre a ocorrência de doenças em peixes cultivados nas pisciculturas do Estado. Atualmente, alguns casos clínicos e de mortalidade em peixes foram encaminhados ao laboratório para diagnóstico e acompanhamento. A grande maioria foi decorrente de fatores ambientais e de estresse como manejo de transporte, qualidade da água, queda de temperatura e alimentação. Alguns agentes causadores de doenças foram identificados por meio de exame direto.
O diagnóstico das doenças foi realizado através de avaliação clínica, ou seja, sintomas e lesões visíveis, exame direto das lesões, histórico do caso e da propriedade e necrópsia dos exemplares mortos. Alguns exemplares vivos foram mantidos durante algumas semanas no laboratório para acompanhamento dos sintomas e avaliação de tratamentos experimentais com sal e/ou formol.
Nos casos em que a doença foi desencadeada por alterações na qualidade da água, a probabilidade de resolver o problema foi grande e apenas a correção na qualidade da água foi utilizada como tratamento. No entanto, nos casos em que algum parasita ou bactéria já havia proliferado, foi necessária aplicação do tratamento curativo e, principalmente, preventivo nos viveiros onde ocorreu o problema e nos viveiros próximos do viveiro acometido pela doença.
Os parasitas observados nos exames diretos foram: Monogenéticos, Trichodina sp, Ichthyophthirius sp, Saprolegnia sp e Lerneae sp.
Observou-se alguns casos com sintomas clínicos de bacterioses em pintado, catfish e tambacu.
Com os resultados observados podemos ressaltar que nas pisciculturas da região da Grande Dourados o manejo sanitário, assim como as ações preventivas, precisam ser constantemente acompanhados, avaliados e estudados, pois as características regionais de clima, estruturais e culturais exigem adaptação e adequação das metodologias existentes para outras regiões.
O diagnóstico e os tratamentos experimentais acompanhados nos casos enviados ao Laboratório de Piscicultura constituem a primeira etapa das ações dos projetos a serem desenvolvidos nos próximos anos. Os projetos que desenvolvem essas atividades com doenças de peixes no Estado estão inseridos na carteira de projetos da Embrapa, nos Arranjos Produtivos Locais (APL), Fundect e contam também com importante apoio financeiro do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). O objetivo principal, a partir de então, será o de buscar metodologias de diagnóstico rápido e alternativas na prevenção e tratamento de doenças nas pisciculturas. Dentre os casos de doenças acompanhados, podemos destacar os trabalhos executados pela equipe do Projeto componente Estado Sanitário de Organismos Aquáticos Cultivados (PCSanidade) que faz parte do projeto em rede da Embrapa, o Aquabrasil.
O PCSanidade está atuando diretamente nas pisciculturas da região através de visitas técnicas, coleta de exemplares sadios e doentes, assim como desenvolvimento de experimentos junto aos piscicultores que se dispuseram a participar do trabalho. Os resultados preliminares deste projeto já estão sendo divulgados em artigos científicos, resumos de congressos, palestras e mini-cursos. Algumas publicações da série Embrapa estarão disponíveis ao público de interesse na área, especialmente aos técnicos e produtores da região, ainda no ano de 2010.
Márcia Mayumi Ishikawa
Pesquisadora da /Embrapa Agropecuária Oeste/
Dourados, MS