O CPAP (Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal), chamado de Embrapa Pantanal, está completando 33 anos de existência neste domingo, dia 24 de fevereiro. Criada em Corumbá em 1975, a Unidade tinha a missão de oferecer suporte tecnológico para a pecuária extensiva praticada na região.
A Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é uma das unidades mais antigas da Embrapa, que em abril completa 35 anos de existência no país.
O centro nasceu como Uepae (Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual) e se transformou em centro de pesquisa em 1984, quando o andamento das pesquisas indicou que as peculiaridades socioeconômicas e a complexidade dos ecossistemas necessitavam de um amplo programa de pesquisa multidisciplinar. Esse programa deveria contemplar o conhecimento dos recursos naturais da região e seus aspectos socioeconômicos, além de suas interações, para que as tecnologias geradas – e/ou adaptadas – fossem adotadas pelos produtores, sem degradar o meio ambiente.
O chefe-geral da Unidade, José Aníbal Comastri Filho, está iniciando seu segundo mandato à frente do centro. Ele lembra que no começo foi complicado definir tecnologias para a pecuária de corte, pois constatou-se a falta de conhecimentos básicos sobre o ecossistema. “Não adiantava conhecer o boi e desconhecer o ambiente onde ele estava sendo criado. Era preciso conhecer a dinâmica da região, principalmente os pulsos de inundação, que são o sangue de todo o sistema”, afirmou.
A mudança de 1984 também significou um novo rumo nas pesquisas da Embrapa Pantanal na região. Essa alteração, buscando conhecer o funcionamento dos ecossistemas do Pantanal, foi implementada com a contratação de pesquisadores de diferentes áreas, principalmente flora, fauna, dinâmica e impactos ambientais. Hoje o CPAP tem 120 funcionários, dos quais 40 são pesquisadores.
Segundo Comastri, neste 33º aniversário a Embrapa Pantanal tem muito a comemorar, pois várias tecnologias foram desenvolvidas e repassadas aos produtores da região. Além dos projetos de pesquisa em andamento – que contemplam a pecuária, os recursos pesqueiros, recursos hídricos, fauna e flora, apicultura, impactos ambientais, agricultura familiar, gestão de resíduos, entre outros –, novos projetos vão começar a ser desenvolvidos. “Todos eles são interdisciplinares e envolvem parceiras com outras instituições.”
Em termos de estrutura, outro presente de aniversário será a ampliação do alojamento da fazenda Nhumirim, propriedade da Embrapa no Pantanal da Nhecolândia, onde são realizados a campo os experimentos. As obras começaram em dezembro e devem estar concluídas até julho.
Laboratórios da Unidade foram reformados recentemente e um novo bloco, com salas e laboratórios, foi construído. Nele foram instalados o laboratório de apicultura, o setor de campos experimentais, o laboratório de manutenção de equipamentos e o laboratório de gestão de resíduos.
EXPERIÊNCIAS
Uma das pesquisadoras que chegaram a Corumbá em 1987, a veterinária Aiesca Pellegrin disse que o centro evoluiu muito nesses 21 anos. “Os estudos em pecuária eram voltados mais para o manejo e nutrição, representando o estágio em que se encontrava o sistema de produção regional”, conta. Ela integrava o grupo dos cinco veterinários que chegaram ao CPAP para estudar a sanidade animal.
“Naquela época havia uma dicotomia muito grande entre meio ambiente e produção animal, fruto de um grande distanciamento entre as duas equipes”, lembra.
Hoje, segundo a pesquisadora, as duas vertentes estão completamente integradas, refletindo uma interdisciplinaridade da equipe. “Nós sabemos que o conhecimento do meio ambiente é fundamental para manter e melhorar o sistema de produção de bovinos de corte e os pesquisadores da área ambiental enxergam a importância dos estudos de sanidade para a região”, disse Aiesca, que é do Rio Grande do Sul, mas já havia trabalhado em outra Unidade da Embrapa em Santa Catarina, a Suínos e Aves.
A agrônoma Márcia Toffani é uma das pesquisadoras contratadas recentemente pelo CPAP. Ela está em Corumbá desde novembro de 2006 e vai iniciar neste ano uma pesquisa sobre o tratamento de efluentes sanitários de propriedades familiares em fossas sépticas biodigestoras e a aplicação desse produto como biofertilizante em área agrícola.
“Estou muito satisfeita com o trabalho e com a minha mudança para a região Centro-Oeste do país”, disse Márcia, que veio da capital paulista. Segundo ela, com as atividades realizadas neste primeiro ano de Embrapa foi possível verificar a crescente demanda por ações voltadas ao manejo de agrossistemas voltados à conservação da Bacia do Alto Paraguai.
A pesquisadora disse que o Pantanal é “extremamente diferente” de sua região de origem. “É uma planície inserida em contexto de planalto com alternativas de uso ainda pouco discutidas. O Pantanal não é de simples compreensão. O contexto político também é peculiar”, afirmou.
Funcionários do centro de pesquisa vão comemorar os 33 anos da Embrapa Pantanal em uma solenidade interna – e simples – marcada para segunda-feira, dia 25.
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Ana Maio
Jornalista – Mtb 21.928
Área de Comunicação e Negócios-ACN
Embrapa Pantanal
Corumbá (MS)
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