Por conta das chuvas, o período está favorável para o peixamento nos açudes do Estado, segundo Dnocs e SPA
Palhano
Os açudes do Ceará estão cheinhos de peixes. Enquanto são reabastecidos com as chuvas da estação, os reservatórios recebem milhões de filhotes de tilápia, um peixe muito bem conhecido pelo cearense. O trabalho já realizado há algumas décadas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) ganhou impulso com a Secretaria de Pesca e Aquicultura do Ceará (SPA), que está depositando, por semana, cerca de 200 mil alevinos de tilápia nos principais açudes, federais, estaduais e de pequenos assentamentos, são depositados aproximadamente 16 milhões de alevinos das mais variadas espécies de peixe por ano, tornando o Ceará o maior criador em cativeiro de todo o País.
O projeto da SPA tem investimento de aproximadamente R$ 500 mil e dá impulso à geração de emprego e renda no setor pesqueiro no sertão. O Açude Palhano e outros reservatórios do Município homônimo receberam 51 mil alevinos da espécie Tilápia do Nilo. Assim, os aquários improvisados em sacos plásticos com água e peixe foram distribuídos aos agricultores e pescadores das comunidades no entorno das lagos da Pedra, da Barbada, do Curral, da Luzilândia, do Cajueiro, do Estêvão, da Pedra Branca, da Jurema e do Feijão. O objetivo final é mesmo a pesca e a comida na mesa do sertanejo.
O peixe que vai para a mesa também vai para o balcão de vendas, de onde se pode ter dinheiro para comprar outros alimentos. O que se espera é que quando o defeso (período da reprodução) passar, o mar de água dos açudes esteja para muito peixe. A distribuição de alevinos é realizada pela Secretaria da Pesca e Aquicultura do Ceará (SPA), com apoio das prefeituras municipais.
A principal espécie reproduzida é a Tilápia do Nilo, por ser uma das mais comerciais e a mais requisitada. E nem só isso. Em Municípios como Jaguaribara, a produção de tilápia vai para além da cozinha. Do couro desse peixe são feitas bolsas, cintos, chapéus, sapatos e vários outros objetos. As próprias mulheres filhas de pescadores fazem o trabalho, com assistência técnica de órgãos como o Sebrae.
O peixamento ou “repovoamento piscícola” dos açudes estaduais e de pequenos assentamentos teve início no início dos anos 1980. Todo ano, é realizado pela SPA em parceria com os Municípios. O projeto permite a ampliação da oferta de alimentos de reconhecido valor proteico, além de possibilitar o aproveitamento do potencial produtivo das águas represadas e a consequente melhoria do nível de renda, notadamente das populações ribeirinhas, bem como dos pescadores artesanais.
Em 2011, o projeto teve investimento de R$ 427,4 mil e distribuiu 6,5 milhões de alevinos em todas as bacias hidrográficas do Ceará, efetivamente em 1.039 açudes em 99 Municípios, com benefício direto a 25.875 famílias. Em 2012, será distribuída a mesma quantidade de alevinos, mas com a meta de beneficiar 30 mil famílias, um crescimento de 20% em relação ao ano anterior.
“Os Municípios, por meio de suas secretarias, associações, colônias de pescadores, nos mandam ofício solicitando os filhotes de peixe. A gente confere essa necessidade e programa para fazer a entrega. Um comprovante da entrega é assinado pelo responsável que a solicitou, que pode ser uma prefeitura municipal ou um líder comunitário, por exemplo”, explica Djacira Gondim, coordenadora do peixamento da SPA.
Ação contínua
Graças a uma atividade realizada pelo Dnocs, desde 1932 o Ceará pode dizer que é o maior produtor do Brasil de peixe criado em cativeiro. São aproximadamente 10 milhões (de um total de 30 milhões para o Nordeste) distribuídos em açudes federais do Estado.
“É um programa contínuo para manter a produtividade nos açudes. Não só tilápia, mas praticamente todas as espécies de água doce. Mantemos todas elas em nossas estações de piscicultura, fazemos a reprodução e o repovoamento”, afirma Pedro Eimar, Coordenador de Pesca do Dnocs. Ele viaja hoje para a França, onde fará uma palestra no Fórum Mundial da Água do pioneirismo cearense.
“Vamos apresentar para o mundo o nosso exemplo. Somos uma região semiárida, de solo raso, onde muita gente morreu de fome no passado. Porém, atualmente, nós temos barragens e mais de três mil quilômetros de rios perenizados, além de sermos o maior produtor de peixe criado em cativeiro do Brasil”, comemora Pedro Eimar.
Mais informações:
Secretaria da Pesca e Aquicultura do Ceará (SPA)
Telefone: (85) 3241.0114 (85) 3391.5121
MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER
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