O consumo atual de pescado no Brasil é de 7 quilos por habitante ao ano, cinco quilos a menos que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A média mundial é de 16 quilos por habitante ao ano, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Para incentivar o consumo de peixes no país e discutir políticas para a pesca e a aqüicultura, gestores públicos, pesquisadores, empresários e trabalhadores da indústria pesqueira se reúniram, em Brasília.
Uma das alternativas apresentadas pelo ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin, é a construção de centros integrados de pesca artesanal. Além de instalações físicas, eles incluiriam unidades de processamento, fábricas de gelo e cursos de formação e capacitação profissional. \”Uma estrutura mínima para que, organizados, esses pescadores possam ter mais renda”.
Para o presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Francisco Menezes, existe uma combinação entre a falta de hábito da população brasileira e os altos preços dos pescados, daí o consumo per capita estar quase 10 quilos abaixo da média anual mundial.
\”O consumo do peixe é considerado pouco acessível por causa do preço, mas é preciso haver uma demanda que favoreça o crescimento da oferta”.
Para tanto, o ministro defende a ampliação da captura e da produção de pescado. \”Para que aumente a oferta, eleve a concorrência e reduza o preço final”.
Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Pescadores e Aqüicultores, Ivo da Silva, dificuldades na comercialização e a falta de estrutura para armazenamento obrigam os pescadores a venderem o produto ao atravessador a preços muito baixos. Ele diz que os atravessadores é quem determinam o preço do peixe no mercado, que chega a ser 70% mais caro que o valor pago ao pescador. Silva acrescenta que os pescadores acabam se valendo dos atravessadores porque \”eles têm o dinheiro na mão, mas não têm burocracia\”.
Dados da secretaria mostram que o Brasil produz hoje cerca de 1 milhão de toneladas por ano ano de pescado. Além de principal fonte alimentar nas comunidades costeiras e ribeirinhas, a pesca garante 3 milhões e meio de empregos diretos e indiretos e uma renda estimada em R$ 5 bilhões anuais.
De acordo com o ministro, o país tem potencial para produzir de 20 milhões de toneladas anuais. Para isso, ressaltou, é preciso estimular o consumo do peixe por meio de campanhas nacionais e da redução dos preços do pescado.
O presidente Consea lembrou que o consumo de peixes é um elemento importante para a segurança alimentar e nutricional da população. Nesse sentido, ele diz que programas federais como o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) deveriam estar integrados ao consumo de peixe.
“Cito o exemplo da agricultura familiar porque o programa dá segurança ao produtor agrícola. A mesma coisa pode ser aplicada à produção da pesca, para o pescador saber que terá mercado e poderá investir nessa oferta. Essa é uma oportunidade de trabalharmos o encontro das políticas”.
Gláucia Gomes – Repórter da Agência Brasil