No último sábado, o Jornal Nacional mostrou o espetáculo das baleias no litoral de Salvador
Salvador – Enquanto milhares de baianos assistiam nos últimos dias, pela televisão, o espetáculo do desfile acrobático das baleias jubarte pelo litoral de Salvador, a caminho do Arquipélago de Abrolhos, o corpo de um exemplar desse mamífero, já adulto, decompunha-se na barra de Cacha-Prego, ao sul da Ilha de Itaparica, onde encalhou na última quinta-feira. Apesar da importância do fato para o meio ambiente e para a luta pela preservação da espécie, os veículos da chamada “grande mídia” não fizeram qualquer referência a ocorrência.
O aparecimento da baleia morta na entrada da barra de Cacha-Prego – conhecida internacionalmente pelo perigo que representa para a navegação, por se tratar de uma chamada barra falsa, em que há constante movimentação de areia e mudanças freqüentes nos canais – só foi percebido quando os primeiros pescadores deixavam aquela vila rumo ao alto mar. O local exato do encalhe é conhecido como Ilha do Amor, um enorme banco de areia que se formou nos últimos anos.
Em relato feito ao Jornal da Mídia, os pescadores disseram que a baleia apresentava sinais de morte recente, pois ainda não exalava qualquer mau cheiro. Um fato que chamou a atenção: o mamífero estava com uma corda ou uma espécie de cinta, envolvendo o meio do seu corpo, dando a impressão de que a morte poderia ter sido causada por rede de pesca.
Técnicos do Ibama, do Projeto Tamar e do Instituto Baleia Jubarte já estiveram no local por duas vezes e informaram que a baleia foi encontrada morta no começo da semana, na região da Barra de Carvalho, próximo a Camamú. Justificaram que a corda ou cinta no corpo do mamífero deve-se a uma tentativa que eles fizeram para arrastá-lo até a praia, onde seria enterrado, após a coleta de material para exames que visam identificar a causa da morte. Um vento forte provocado pela chegada de uma frente fria, porém, impediu a continuação do trabalho e a baleia terminou empurrada pelas correntezas até a barra de Cacha-Prego.
Moradores e veranistas de Cacha-Prego lamentam que a importância que representa a morte de uma baleia em qualquer lugar do mundo, quando é comum uma divulgação intensa do fato, aqui na Bahia – e numa área tão próxima da Capital – a morte do exemplar da espécie jubarte não tenha merecido qualquer atenção.
Ontem, vários dias após o aparecimento, a baleia morta já começava a exalar fortíssimo mau cheiro na área do encalhe, impossibilitando a aproximação de curiosos. Os técnicos do Ibama, Tamar e Instituto Baleia Jubarte devem retornar hoje a Cacha-Prego para determinar as últimas providências a serem tomadas.
Entre setembro e novembro, é intenso o movimento de baleias jubarte no litoral baiano. Os cientistas explicam que nessa época do ano elas migram das áreas geladas a procura de zonas de águas quentes e terminam por se concentrar na região do Arquipélago de Abrolhos, onde acontece o acasalamento e a reprodução.
Como resultado do trabalho de proibição da pesca da baleia e em defesa da preservação da espécie, tem aumentado a cada ano o número desses mamíferos que freqüentam o mar da Bahia.
Essa visita das baleias jubarte e o espetáculo que elas proporcionam até já se transformaram em importante fonte de renda para entidades ambientalistas e empresas de turismo, que organizam expedições em escunas para que as pessoas possam assistir mais de perto esse verdadeiro espetáculo que a natureza proporciona.
Luiz Faustino, Redação do Jornal da Mídia