Participantes do curso aprendem a utilizar colete salva-vidas, durante as aulas para a obtenção da carteira
O número de indígenas interessados em participar do curso preparatório para a prova que possibilita a obtenção da carteira de arrais-amador tem aumentado nos últimos meses no Amazonas. De janeiro até a primeira semana de agosto, o curso teve mais de 100 participantes, com beneficiamento direto para indígenas dos povos Sateré, Apurinã, Tikuna, Tukano, Arara, Miranha, Kambeba e Kokama, distribuídos entre os municípios de Tonantins, Iranduba e Coari.
Ministrado por meio da parceria entre a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), o curso está dentro das normas estabelecidas pela Marinha do Brasil em todo o Território Nacional. A Carteira de Habilitação de Amador (CHA), como é conhecida, tem validade de dez anos e permite a essas populações, a oportunidade de conduzir embarcações de pequeno porte pelos rios da Amazônia.
A capacitação faz parte da Câmara 3, do Comitê Gestor de Atuação Integrada entre o Governo do Amazonas e a Fundação Nacional do Índio (Funai), intitulada Melhoria da Qualidade de Vida dos Povos e Comunidades Indígenas.
Apoio fundamental
Entre os dias 6 e 14 deste mês, o município de Coari – situado a 370 quilômetros de Manaus -, recebeu o curso de arrais-amador, no qual capacitou um grupo de 50 indígenas, dos povos Tikuna, Tukano, Arara, Miranha, Kambeba e Kokama.
Em junho, a ação já havia beneficiado aproximadamente 30 indígenas tikuna e kokama em Tonantins – a 867 quilômetros de Manaus. O projeto também levou benefícios de forma indireta a 1,4 mil indígenas e atendeu a uma demanda da Associação do Povo Kokama da Sede de Tonantins (APKST), localizada na comunidade Igarapé do Manacá.
Em julho, o curso chegou a Iranduba – a 70 quilômetros de Manaus – para 25 pessoas, em cumprimento às condicionantes indígenas para atendimento ao Programa de Compensação e Mitigação da Ponte sobre o Rio Negro.
Nos três casos, todos os participantes receberam noções sobre condução e segurança em navegação fluvial e foram qualificados conforme as normas de navegação e conteúdos específicos para subsidiá-los durante a realização da prova.
Linguagem adequada
O conteúdo é transmitido dentro de uma linguagem adequada aos próprios indígenas, de acordo com o técnico do Departamento de Etnodesenvolvimento da Seind e instrutor do curso, Ronisley Martins.
“Não é só conhecimento técnico que é passado, mas há uma adequação da linguagem ao conhecimento tradicional, ou seja, a didática é o envolvimento deles com a dinâmica, para que obtenham o conhecimento por meio da atividade”, explicou Ronisley.
Durante o preparatório, entre aulas teóricas e práticas os indígenas têm acesso a nomes, tipos e outros detalhes sobre embarcação; normas de segurança em navegação; sinalização; equipamentos de salvatagem; registro e cartografia náutica. São repassadas técnicas de nós, ancoragem, salvamento aquático, além de noções sobre primeiros socorros, combate a incêndio e meio ambiente.
Após realizar o curso, algumas prefeituras têm encaminhado os nomes dos aprovados à Capitania dos Portos, para que realizem a prova, de acordo com o calendário estabelecido pela Marinha. O certificado de participação é entregue pelo Cetam.