Criticada no papel de articuladora política e atingida por denúncias no Ministério da Pesca, da qual foi titular de janeiro a junho de 2011, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) tentou ontem reverter a agenda negativa que a acompanha há semanas.
Orientada pela presidente Dilma Rousseff, a ministra convocou entrevista para o fim da tarde de ontem, uma quinta-feira véspera de feriado com ponto facultativo nas repartições públicas. Dilma aconselhou Ideli a se movimentar mais e a responder rapidamente às suspeitas que envolvem o nome dela. E foi assim que a ministra anunciou o acordo para reduzir os juros das dívidas estaduais, antigo pleito dos governadores.
A ministra estava incomodada com as denúncias. Não bastasse uma empresa contratada pela Pesca ter doado R$ 150 mil – após pedido de um dirigente da pasta – ao comitê do PT em Santa Catarina, que pagou 81% da campanha de Ideli ao governo daquele Estado, seu antecessor, o deputado Luiz Sérgio (RJ), considerou o pedido um “malfeito”. Ideli não gostou e queixou-se do comportamento do companheiro à direção do partido. Disse que já vinha sofrendo ataques de todos os lados. Ontem, veio à tona a liberação de verba, durante sua gestão na pasta, para uma ONG cujos projetos não saíram do papel.
Para Ideli e o Planalto, todas as críticas destinam-se a enfraquecê-la na coordenação política do governo – e partiriam de grupos da base aliada insatisfeitos com sua atuação, principalmente ao participar da troca dos líderes do governo na Câmara e no Senado.
O descontentamento com Ideli de fato é grande, tanto no Senado quanto na Câmara. Parlamentares reclamam que ela tem adotado um comportamento muito duro ao responder a pedidos por nomeações de apadrinhados em cargos no governo e por liberação de emendas parlamentares. Obter ajuda dos governadores para aprovar projetos de interesse do governo tornou-se a saída para contornar o mar revolto e tentar reverter a maré.
Análise: João Domingos